sábado, 21 de fevereiro de 2015

Verborragia e corrupção

Eu não costumo postar textos muito grandes no facebook, embora seja muito ativa naquela mídia, por onde aproveito para ler notícias de diversos meios de comunicação. Enfim, para grandes textos, existe o blog...

Mas hoje eu não aguentei. Ao ler essa notícia Odebrecht questionou Cardozo sobre cooperação entre Brasil e Suíça, me senti forçada a me manifestar e, infelizmente, não consegui deixar o texto mais curto - e mais grosso - que isso.

Como o assunto é bastante interessante (pelo menos, pra mim, advogada...), copio-o aqui, para que fique bem registrado o que penso a respeito disso tudo:


"Que fique bem claro: independentemente do que se diz nessas reuniões (o que fica a critério da consciência e honestidade de cada um dos presentes), receber advogados, empresários, etc, é uma das atividades corriqueiras de autoridades públicas. Criticar algo assim, sem qualquer indício de conluio ou favorecimento (esclarecendo que qualquer documento ou representação apenas materializa o direito constitucional de petição de qualquer cidadão), é absurdo num grau lamentável e só poderia vir, de fato, de um juiz que se recusava a receber advogados e, quando o fazia, ainda se utilizava de sua posição de supremacia para subjugar os representantes das partes.
Não, advogados não são membros de quadrilha (embora, como em toda atividade, há maçãs podres...), nem bandidos, mas apenas garantem que o direito de defesa de bandidos, membros de quadrilha e, inclusive, de pessoas inocentes seja exercido e respeitado! Uma cruzada contra a advocacia pura e simplesmente é uma cruzada contra o Estado de Direito!

A verborragia anti corrupção, evidentemente, é tipica dos ativistas de sofá, que expressam sua fúria por redes sociais, mas os cidadãos conscientes têm que tomar cuidado para não se contaminarem com isso, sob pena de colocarem em risco seus próprios direitos..."


sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

Estrangeirismos



Recebi hoje um e-mail de uma loja de sapatos com publicidade e indicação das cores ideais para o Ano Novo... Em Inglês!


Isso me fez pensar no porquê, de repente, as lojas brasileiras passaram a adotar tantos estrangeirismos na publicidade voltada para o público nacional que nem sempre fala inglês.


Não me levem a mal. Muito ao contrário de ser ultranacionalista, eu falo inglês e gosto muito da língua, não rejeito pura e simplesmente o uso de palavras em inglês, mas acho que tudo tem limite. E as pessoas deveriam ter um pouco mais de critério.


Provavelmente não fui a única pessoa a reparar que, agora, não há mais liquidações, mas SALE. Não há mais lojas de fábrica ou pontas de estoque, pois tudo agora é OUTLET. Mas, realmente, o pior foi receber um e-mail todo em inglês com WHITE FOR PEACE, GREEN FOR HOPE, RED FOR PASSION, PINK FOR LOVE e por aí vai...


Será que todo mundo que se enquadra no público potencial dessa loja REALMENTE fala inglês? Conhece o nome das cores e, principalmente, aquilo que elas atrairiam no Ano Novo? Tenho minhas dúvidas...


Por mais que o público alvo da famigerada loja seja um público de nível de escolaridade mais elevado, isso não quer dizer que a comunicação mais eficaz com ele será em inglês. Ou será? Eu é que estou muito por fora?


Digo isso porque acho que comunicação é essencial. Comunicar-se mal é tão ruim quanto não se comunicar. Isso, na publicidade, me parece ser um erro fatal.


“But then again”, o que eu tenho a ver com isso, né? Publicidade nem é a minha área...


Só acho que, enquanto consumidora, ainda que eu entenda os e-mails integralmente em inglês, me sinto um pouco mal por aqueles que não os entenderiam. E me questiono se quero adquirir um produto voltado para um público que fala inglês e não se importa com a imensa maioria que não fala...

quinta-feira, 21 de agosto de 2014

...e a Copa?

Provavelmente não sou a única a achar que o período de Copa do Mundo no Brasil foi uma espécie de “realidade paralela” que encheu nossos dias e nos tornou mais felizes (excetuados nos últimos dois jogos do Brasil, claro!).

Pessoalmente, fiquei encantada com o excelente nível técnico das equipes – jogos bonitos, disputados, futebol de primeira e de encher os olhos e o coração de alegria. Para nós, que somos apaixonados por futebol, claro.

(Neste momento, penso que devo fazer um “mea culpa” por ser inicialmente contra a Copa no Brasil, posição essa que não surgiu recentemente com os protestos de rua, mas quando da candidatura e seleção do país, por acreditar que deveríamos ter outras prioridades. De qualquer forma, durante a Copa, fui positivamente surpreendida pelo evento e fiquei muito feliz em ver que, apesar de tudo, conseguimos fazer um grande espetáculo).

O problema é que nós, que gostamos e acompanhamos futebol, acabamos ficando surpresos com alguns “fenômenos” recentes, tais como a quantidade de selfies em estádios, principalmente daquelas pessoas que não gostam, não acompanham e sequer entendem nada de futebol.

Creio não ser a única a ficar besta com o movimento dessas pessoas em busca de ingressos, comprando de cambistas e pagando verdadeiras fortunas para poder ir a alguns jogos em estádios para encher o Instagram e o facebook com selfies naquele local.

Confesso que critiquei, inicialmente, quando vi alguém que sequer sabe o que é um impedimento em foto no estádio em um jogo do Brasil para o qual eu não tinha conseguido ingressos e assistia confortavelmente instalada em meu sofá.

Mas logo percebi que isso era inveja, recalque puro: “como fulano consegue ingresso de cambista para ir ao jogo do Brasil, fica perto do gramado e mal entende de futebol? Não sabe o que é um impedimento, nunca ouviu falar em lei da vantagem, e eu, aqui, em casa?!! Que absurdo! E tudo isso pra que? Pra postar um “selfie” no “Insta”? Pelamordedeus!!! Queria ver se encararia um jogo do Corinthians!!!”

Quer mais recalque que isso?

Felizmente, minha autocrítica me fez perceber isso e, logo, refleti melhor a respeito. E cheguei a ficar encantada com a capacidade de um evento desses mobilizar tanto as pessoas, a ponto de quem não tem time, não acompanha e nem entende de futebol, querer tanto ir aos jogos do Mundial, que chega a ter contatos de cambistas no whatsapp! Dane-se qual o motivo!

Fiquei realmente impressionada com o efeito da Copa sobre essas pessoas e cheguei a pensar que talvez esse seria o real “efeito” da Copa: apresentar o futebol a essas pessoas, que, a partir de então, começariam a entender mais de futebol e passariam a acompanhar esse esporte com mais frequência e, quem sabe, tornar-se-iam tão apaixonados por futebol como nós, que somos loucos por nossos times e colecionamos álbuns da Copa desde crianças.

Minha irmã, mesmo, confessou durante a Copa que o grande “legado”, para ela, seria fazer seu noivo gostar mais de futebol, pois durante os jogos, além de assistir, ele buscou entender melhor as regras do jogo.

Contudo, esse encantamento passou tão logo acabaram os jogos. Não sei dizer até que ponto a desastrosa atuação do Brasil nos dois últimos jogos contribuiu para isso, mas...

A verdade é que, menos de uma semana após o fim dos jogos, vi essas pessoas escrevendo nas redes sociais que o futebol “perdeu a graça” com o fim da Copa. Minha irmã também disse que seu noivo já teria se desinteressado pelo esporte também.

Que pena! Talvez o legado da Copa até tenha atingido algumas pessoas que eu não conheço.

Mas, voltando a ver os jogos do Campeonato Brasileiro e da Copa do Brasil, confesso que até entendo esse “desencantamento” pós-Copa desses meus conhecidos: futebol bonito e de alto nível como na Copa, se não for só daqui a 4 anos, talvez consigamos ver nos Campeonatos Europeus ou na Copa dos Campeões.

Por enquanto, no Brasil, nós, os “verdadeiros” apaixonados e entendidos de futebol, continuamos acompanhando e sofrendo com nossos times do coração.


Quem sabe, na próxima Copa, isso seja diferente?

(P.s.: Sei que esse post tá mega atrasado, mas assim anda minha vida ultimamente também...)

sexta-feira, 18 de abril de 2014

O maior projeto de todos os tempos

Quando comecei a escrever aqui sobre meus projetos, nem fiz uma lista inicial daqueles em andamento ou daqueles projetados para algum momento da vida. Fazer isso me parecia algo inútil, já que todos os dias invento alguma coisa nova, desejo dar início a algum novo projeto ou deixo alguma ideia para trás, para logo revivê-la no futuro...

A lista, dessa forma, seria interminável. E só me mostraria o tanto de coisas que desejo fazer, projetos que sempre quis tocar e aqueles que eu só empurro pra frente com a barriga.

Mas, agora, estou no meio de um grande projeto em andamento. E sobre isso eu jamais poderia deixar de falar/escrever. Estou grávida!

Sem dúvida, esse deve ser o maior projeto da minha vida. Ter um bebê, criar um filho e ajudar na construção de um caráter de uma pessoinha que, inicialmente, vai depender muito de mim, mas que, a cada dia, vai deixar de precisar de mim para uma nova coisa, sempre em busca de novas descobertas...

Evidente que esse sempre foi um projeto rascunhado em minha longa lista de desejos na vida. Acho que a maioria das pessoas tem o desejo de ter filhos e “perpetuar a espécie”. Não quer dizer que todos tenham esse desejo ou tenham que tê-lo, claro que não... Mas é fato que muita gente o tem.

Eu também tinha. Não era algo concreto, não tinha deadline pra acontecer, era um desejo bem abstrato, imaterial, impalpável mesmo... Sem grandes planos. Nos últimos dois anos, eu e meu marido adiamos esse projeto em prol de alguns outros, mas chega uma hora em que a gente tem que enfrentar a realidade e, com o tempo passando e o relógio biológico ticando, tínhamos que tomar uma decisão a respeito disso.

Até por ser algo tão impalpável, tão abstrato e tão fora do nosso controle exclusivo, discutimos quando poderíamos dar início a ele, sem muita ansiedade... Incialmente, não havia consenso, mas constatado que sua realização não dependeria unicamente da nossa vontade, mas de uma série de fatores biológicos, sociológicos e – por que não dizer? – até religiosos, acabamos entrando num acordo de darmos início às tentativas, pois vai que demore, né?!

Fuçando uma ou outra vez na internet a esse respeito, vi uma infinidade de pessoas se preparando para serem mães com tanta antecedência, adotando providências para garantir sua fertilidade e, infelizmente, algumas tentando há tanto tempo engravidar, que isso me fez pensar que dar início às tentativas não implicaria, necessariamente, engravidar em pouco tempo.

Acabamos sendo positivamente surpreendidos com a rapidez da concretização desse nosso projeto. Confesso que, inicialmente, ficamos um pouco em choque, pensando que foi tão rápido que não conseguimos executar alguns planos anteriores ao bebê, como voltar pra São Paulo, como prevíamos.

Mas depois de pouca reflexão, chegamos à conclusão de que não valeria à pena atrelar algo tão positivo para nós a essas dúvidas e incertezas, pois, do contrário, não conseguiríamos curtir essa novidade. E como a gravidez, apesar de durar 9 meses, passa rápido, não podemos desperdiçar os momentos de alegria com questões banais e que, mais cedo ou mais tarde, irão se resolver.

Assim, decidimos curtir o momento e nosso pequeno grande projeto, que cada vez cresce mais dentro de mim.

Estou com cerca de 4 meses de gravidez, muitas dúvidas, incertezas, inseguranças, mas também tenho muitas constatações e esperanças com relação a isso e – só por isso! – resolvi escrever sobre esse projeto publicamente...

Entre tantas coisas que aconteceram nesse período, uma das grandes surpresas, para mim, foi descobrir como eu conheço meu próprio corpo. Dizem que é difícil saber ou sentir que se está grávida num primeiro momento e eu tentei ignorar alguns sinais por uns dias, achando que isso tudo podia ser ilusão, ansiedade ou algo do tipo. Mas não era. Descobri a gravidez relativamente cedo, com 5 semanas, quando já tinha indícios dela há pelo menos 2 semanas. Isso eu achei realmente muito curioso...

Além disso, sinto cada vez mais cada transformação, ainda que pequena, no meu corpo e, de alguma forma, em meu ser.

Por outro lado, acho incrível que, por mais que eu dê uma olhada e leia coisas a respeito de gravidez, como as pessoas de fato se transformam com esse evento.

Como disse, não dá pra ignorar que algo muito especial está acontecendo com a gente. Mas me espanta o fato de que muitas mulheres simplesmente deixam de ser mulheres, profissionais ou qualquer outra coisa a partir da gravidez e se tornam apenas mães.

Deixa eu me explicar: nada contra ser apenas mãe, muito pelo contrário. Aliás, “apenas” é um grande eufemismo... Admiro muito todas as mulheres que abdicam de suas vidas profissionais e muitas vezes pessoais para se doarem ao lar e à família. Acho isso de uma “transcendência” extrema. Pessoalmente, acho que sou muito egoísta para chegar a esse ponto. Mas nunca sabemos o dia de amanhã...

Que, de fato, as pessoas mudam quando se tornam pais e mães, não tenho dúvidas. De repente, passam a ser responsáveis por uma outra vida (ou outras)! Uma pessoinha passa a depender de vocês para tudo, então, nada mais natural que ela se torne o motivo primordial de suas preocupações e o grande destinatário de sua dedicação.

Mas acho curioso como algumas pessoas parecem deixar de existir a partir desse evento. Sei que posso estar falando da boca pra fora, que posso passar exatamente pela mesma coisa, mas deve ser até mesmo por isso que registrar essa reflexão me parece importante. Se eu estiver errada, sempre vou poder ver como eu era estúpida a esse respeito. Se eu não estiver, prometo que volto aqui pra contar depois.

O que vejo e que me causa espanto é justamente a anulação do ser “mulher” para dar lugar ao ser “mãe”. De novo: não tenho dúvidas de que seja uma experiência transcendental, que nos faz perceber que não devemos nos dedicar exclusivamente a nós, que nos deixa menos egoístas... Mas será que, necessariamente, é preciso deixar de existir para dar espaço ao ser mãe, única e exclusivamente, 24 horas por dia, 7 dias por semana?

Quando digo isso, não quero defender que as mães sejam egoístas, ou deixem seus filhos de lado por alguns dias/horas/semanas, mas que simplesmente não deixem de existir como pessoas, mulheres, profissionais, esposas (odeio essa palavra, mas, enfim...)...

Sei que é uma crise. Há dificuldades na escolha de prioridades quando se têm filhos e, principalmente, quando se têm pouco tempo para fazer tanta coisa na vida. Não desconsidero o sentimento de culpa arraigado em nós, mulheres, há tantos séculos... Mas ser profissional, cuidar de si, ler, estudar, trabalhar, sair com o marido, com as amigas, nada disso faz uma pessoa ser menos mãe.

Ao contrário, tem muita mãe que não trabalha, se reveste da característica “mãe do ano”, divulga milhares de coisas fofíssimas sobre a maternidade, mas nunca nem dá atenção pros filhos, porque, na verdade, está apenas cumprindo um papel que acredita que tem na sociedade. Fazer algo diferente a tornaria uma pessoa menos respeitável no meio em que vive...

Acho que, muitas vezes, uma mãe que tem menos tempo pros filhos consegue aproveitá-lo melhor com eles do que outras que supostamente se dedicar à família em tempo integral. Claro que isso não é uma afirmação absoluta e não deve ser generalizada... Mas, sim, elas podem ter um tempo de maior qualidade, compartilhar experiências, prestar atenção nos filhos e ainda se mostrar com maior autoestima, tornando-se uma pessoa mais admirável do que outras mães que se dediquem exclusivamente a isso.

Além disso, toda mulher minimamente inteligente irá pesquisar sobre comportamento infantil, ler coisas interessantíssimas sobre isso e muitas vezes divulgar o milagre da maternidade. Mas isso não quer dizer que ela não lerá notícias do mundo, não terá outros assuntos, outros interesses...

Tudo isso que escrevo tem como razão justamente a constatação de que, após serem mães ou até mesmo logo após engravidarem, há mulheres que parecem simplesmente dedicar toda sua atenção e sua capacidade crítica para um único assunto: a maternidade. Será que tem que ser assim?

Como disse, me interesso por muitas coisas relacionadas à maternidade, até porque essa é a minha primeira gravidez e tenho vontade de ler e saber mais a respeito. Mas não consegui deixar de lado os meus milhares de outros interesses. E fico feliz por isso. Muito feliz! E ainda vou ter o maior orgulho de contar pro meu filhote que, em pouco tempo de gestação, ele já foi comigo a dois excelentes shows de rock. E que, se Deus quiser, irá a outros três jogos de futebol da Copa do Mundo. Olha que coisa linda!

Isso sem falar que, graças aos pouquíssimos enjoos que ele me causou, eu continuo trabalhando (infelizmente de forma enlouquecida, como sempre...), mas sem nenhum prejuízo às minhas atividades. Espero que ele também se orgulhe disso!!! =)

Como disse no título, sem dúvida, esse é o maior projeto da minha vida. O que mais vai consumir tempo e dedicação e praticamente o único que eu não poderei abandonar inacabado. Fico muito feliz por ter a oportunidade de tocá-lo. Mas apesar de ser o maior, ele não é o único. E espero ter saúde e energia para tocar todos os outros projetos, para dar muito orgulho ao filho que vou ter, mostrando que a mãe dela é muito mais que “só” mãe (lembram do eufemismo?).

Por isso, não poderia deixar de escrever aqui sobre esse projeto tão grandioso. E com isso, provavelmente, escreverei mais à frente sobre os projetos conexos a ele (quarto do bebê e, quem sabe um dia, uma casa maior?). Mas queria registrar que não é minha intenção transformar esse espaço em um espaço sobre maternidade. Como esse não é meu único projeto e, embora me faça refletir muito, não é minha única causa de reflexões, espero continuar escrevendo aqui, como sempre, sobre assuntos diversos. E que isso fique registrado para a posteridade. ;o)



terça-feira, 15 de abril de 2014

O que podemos aprender com nossos filmes favoritos

Outro dia assisti, provavelmente pela milionésima vez, o filme Curtindo a Vida Adoidado (Ferris Bueller’s Day Off) e relembrei porque ele foi meu filme favorito por tanto tempo... Há, de fato, muitos motivos para gostarmos de um filme, um livro, uma música... Um deles é a história em si, outro, a “lição” que ele te passa, em outras tantas situações, há uma identificação com algum personagem ou com os fatos narrados. Acho que esses são os principais, sempre.

No caso de Curtindo a Vida Adoidado, acho que sempre gostei mesmo da “moral da história”. Claro que não tem nada de bonito em defender que estudantes matem aulas para fazer loucuras por aí, mas o principal é que a vida passa muito rápido. Se você não parar para curtir, em algum momento, não vai tê-la visto passar. Não é verdade?

Estava escrevendo esse post há um tempão, ele ficou arquivado pelas metades e eu acabei escrevendo um outro sobre a correria do dia-a-dia e os sacrifícios necessários (ou não?) pro nosso futuro.

Mas retomando o fio da meada, da fato, a vida é curta, passa correndo e não deveríamos desperdiçá-la com banalidades. Acho isso um exemplo, adoro o filme e espero poder mostra-lo pros meus filhos (e ensinar que matar aula é feio e errado...) porque acho uma boa moral da história mesmo.

Alguns dias depois, resolvi assistir um outro filme antigo, que eu também adoro, o “French Kiss” (acho que em Português foi traduzido para Surpresas do Coração), com a Meg Ryan e o Kevin Kline. É um romance bobo, água com açúcar e bem “sessão da tarde” que muita gente vai odiar, com certeza!

Mas eu sempre gostei muito. Antes, eu achava que era por conta da locação do filme, na França, mostrando não apenas Paris, mas o interior, um clima bucólico, encontro familiar, vinhedos e a beleza da produção do vinho....

Dessa vez, percebi que, na verdade, o que me fazia gostar mesmo do filme era um dos fatores que comentei lá em cima: identificação com o personagem.

Não tenho medo de avião, nem sou tão romântica e sonhadora como a personagem da Meg Ryan no filme. Mas gosto muito de duas passagens que fizeram eu me ver naquele personagem: em uma delas, ela explica que age conforme suas emoções – se está feliz, sorri, se está triste, faz cara de triste.... e em outra, ele comenta o “andar de menina” dela.

Bom, não sei se meu andar é de menina, mas tenho a sensação de que, por mais produzida e com um saltão que eu esteja, não consigo andar daquele jeito “mulher-adulta-sedutora” nunca na minha vida. E quando me percebo andando sem muita atenção, sempre acho que ando do mesmo jeito que quando tinha 12 anos, andava de tênis, moletom amarrado na cintura e jogava handebol....

Já a ação conforme a emoção, não sou daquelas pessoas extremamente emotivas e expressivas. Acho que consigo segurar em muitos momentos minhas emoções. Mas, até por isso, fui deixando de escondê-las por achar que isso pode nos fazer meio mal...

E, em geral, não consigo reagir de forma muito diferentes daquilo que sinto. Acho que não consigo ser hipócrita, fazer cara de quem adora aquela pessoa que a gente não suporta (e isso sempre, desde criança...), que achou brilhante uma ideia idiota ou banal e que respeita muito aquele que não merece meu respeito ou consideração.

E, cada dia mais, vejo que não consigo fechar minha boca e deixar de dizer aquilo que penso. Ainda que isso me traga problemas.

De fato, cada dia mais me vejo na situação de dar pitaco, opinião, deixar registrado meu pensamento, nos mais variados momentos. Se isso é bom ou não, não sei realmente. Eu gosto, acho bom, autêntico, mas sei que pode me trazer consequências indesejáveis.

Sei que a maturidade nos faz ver as coisas com um pouco mais de tranquilidade, com o passar do tempo. Não acho que meu jeito de ser implique imaturidade, necessariamente, mas pode ser que algum dia eu repense essa maneira de ser.


Por enquanto, eu vou vivendo, tocando, sorrindo quando estou feliz, fechando a cara quando não estou e dizendo o que penso. Claro que tenho algum bom senso e tento ser delicada em minhas colocações. Também não pretendo ofender ninguém com minhas opiniões (embora, às vezes, o faça...). Mas hipocrisia, deslealdade, falsidade, e coisas afins realmente não são características que eu pretendo inserir em meu dicionário de viver...

segunda-feira, 24 de março de 2014

O Tempo, A Correria, O Futuro...

Nessas últimas semanas tive inúmeras ideias de temas para postagens, mas não consegui desenvolver nada além de dois parágrafos mal acabados em um arquivo escanteado aqui no meu pc...

Os motivos da ausência sempre foram os mesmos: cansaço extenuante, correria interminável... E aí, hoje, fiquei pensando nisso. Nossas vidas precisam mesmo ser tão corridas assim?

Há anos vejo todo mundo ao meu redor reclamando que o tempo passa muito rápido. Não percebemos mais o passar do dia, da semana, dos meses e até dos anos. Se parar pra pensar, lembram-se do quanto a chegada do século XXI, do ano 2000, era uma coisa tão distante e etérea?

Pois eu lembro. Nem sou tão velha assim, mas lembro bem o receio que o bug do milênio causou ao país. Ao mundo!

E cá estamos nós apenas em 2014. 14 anos se passaram. Se formos pensar na história recente do país, parece que há pouco tempo havia tabelamento, fiscais do Sarney, caras pintadas nas ruas, plano Real, eleição de um ex-metalúrgico para a Presidência da República e olha só quantos anos (ou décadas!) se passaram...

Pois é. Parece que cada dia mais vivemos na maior correria. Não vemos o tempo passar, não damos conta de acompanhar todas as notícias, os pais não conseguem ver seus filhos crescerem... E um dia nos descobrimos velhos e decrépitos.

Tá. Exagero, claro. Mas por que é que temos que viver correndo tanto? Pra que acumular tantas atividades e mal dar conta de cada uma delas? Por que passamos mais tempo trabalhando – no escritório, na empresa, em casa – que nos divertindo, cuidando da gente, dividindo nosso tempo com pessoas queridas?

Há tempos tento marcar um almoço com amigos que moram na mesma cidade que eu. Parece que isso tá ficando impossível, pois não conseguimos um acordo das agendas atribuladas.

Ir ao cinema, então, se tornou um programa quase bissexto lá em casa. E pensar que há um tempo eu me obrigava a tentar ver um filme no cinema por semana. E dava certo! Eu arrumava tempo durante a semana ou nas tardes de sábado ou domingo. E por que será que não tenho conseguido ultimamente?

Fico enlouquecida quando me dou conta que passei quase doze horas no trabalho e mal deu pra limpar minha mesa e cuidar dos assuntos daquele dia. Odeio ficar devendo tarefas pros outros. Me sinto meio irresponsável, desleixada até.

Poxa, mas não dá pra carregar essa culpa se meu tempo não dá conta de tudo, dá?

Fazer exercícios físicos, então, cada dia mais é uma tarefa quase impossível. Depois de um mês de afastamento, minha maior alegria foi conseguir fazer uma aula de pilates! E isso depois de cancelar as três datas anteriores. Ah, e a aula imediatamente seguinte também... :(

A gente tem mesmo que viver num ritmo tão acelerado? Socorro!!!

Não costumo ser preguiçosa, mas com tudo isso, tem dias que eu me percebo perdendo horas (ou até um dia todo, nos finais de semana em que não viajo) fazendo absolutamente nada. Letárgica, no sofá, fingindo que vejo televisão. E sem processar uma única palavra transmitida...

Isso deve ser uma necessidade por passar os outros dias de forma tão intensa.

Mas eu sinto uma imensa necessidade de equilíbrio nisso tudo. Você também?

Enquanto escrevia, lembrei daquele livro famoso, acho que do Domenico Di Masi, “O Ócio Criativo”. Sempre tive a curiosidade de ler e acho que hoje estou precisando mais do que nunca refletir sobre os benefícios do ócio. E o quanto ele nos torna pessoas melhores, mais criativas.

Pessoalmente, acho mesmo que esse ritmo de vida enlouquecido que as pessoas levam cada vez com mais seriedade (como se isso indicasse que a pessoa é mais bem sucedida por sobreviver a ele!) acaba com a gente. Com nosso tempo, nossa saúde, nossa criatividade, nosso prazer de fazer coisas mais agradáveis e até de trabalhar. O dia-a-dia se torna uma obrigação, algo programado para acontecer de determinada forma, em determinado tempo, e que deve ser seguido à risca, sob pena de – sim – nos tornarmos enormes fracassos.

Que pensamento horrível! Mas que também me fez lembrar de outro livro bem legal – e esse eu li! – o “Mais Tempo, Mais Dinheiro”, do Gustavo Cerbassi e do Christian Barbosa. Nele, um especialista em gestão financeira e outro, em gestão de tempo, dão dicas de como levar melhor nossas vidas.

Adorei o livro, mas, infelizmente, não consegui colocar em prática as sugestões de gerenciamento de tempo. Acho que está na hora de relê-lo... :(

De qualquer forma, uma das reflexões importantes do livro era justamente essa: não adianta nos sobrecarregarmos de atividades e não conseguirmos tempo para o que realmente importa em nossas vidas.

Desacelerar não é sinônimo de fracasso! Por isso mesmo, essa é uma das grandes metas da minha vida: desacelerar! Usar o tempo com mais qualidade. Isso sim é importante e nos traz realização pessoal na vida. E não quer dizer que acabe com a realização profissional tão almejada e perseguida por todos...

O problema, no meu caso, e o que mais irrita, evidentemente, é o fato de eu não ser dona do meu tempo, da minha agenda e, às vezes, da minha vida!

Sei da importância de dizer não, mas a gente se coloca em cada situação... Ou é colocada nelas, pra ser mais específica... E é muito difícil sair delas. Eu costumo dizer que minha vida, muitas vezes, gira em um universo paralelo, fora da realidade.

E toda vez que penso nisso, lembro daquilo que mencionei no post do Diabo Veste Prada: não adianta reclamar que não tivemos escolhas, pois a vida é feita delas. A gente sempre tem a oportunidade de dizer não, de recusar uma ou outra coisa. No meu caso, sempre que penso em jogar tudo pro alto, lembro que terei de lidar com as consequências disso.

Lidar com essas consequências não deveria ser algo assustador, mas natural. Só que, na maioria das vezes, é paralisante. Não conseguimos tomar nenhuma atitude com receio do que virá depois.

No meu caso, a forma que adotei para tentar lidar com isso é criar “deadlines”. Estabeleci alguns prazos e comecei a traçar alguns planos. Plano A, B, C, D... Se preciso for, o abecedário inteiro.

Isso porque a gente consegue conviver com uma piora na qualidade de vida em troca de alguma vantagem financeira, profissional ou até pessoal por um tempo. Mas não dá pra desperdiçar a vida inteira numa correria ensandecida que pode não te levar a lugar algum.

Até para quem tem pretensões mais altas, que acham que esse sacrifício vai valer à pena e vai fazer a pessoa colher frutos no futuro, vale a pena questionar até que ponto esse raciocínio é, de fato, verdadeiro.

No meu caso, além de não ter pretensões muito mais elevadas (no lugar onde estou, não na vida...), sei que meu sacrifício hoje não irá me render muito mais frutos em curto, médio ou longo prazo. E nem acho que, se rendesse, valeria à pena.


Pelo menos hoje, não acho que vale à pena abrir mão de ver o tempo passar e de usufruir dele com qualidade. Espero, realmente, não me arrepender disso no futuro... ;o)

terça-feira, 14 de janeiro de 2014

Turistas ou Viajantes?




Recentemente, li alguns artigos que teimavam em tratar da distinção entre “viajantes” e “turistas”. Pessoalmente, acho esse tipo de discussão absolutamente inócua, até porque ela se baseia em premissas muito falsas.

Para quem nunca leu ou ouviu algo a respeito, a diferença entre essas duas “classes” de pessoas residiria no fato de que o viajante, ele sim sabe viajar, não frequenta pontos turísticos, não é “sem noção”, capta a essência dos lugares que visita e conhece lugares espetaculares, ignorados pelos simples turistas. Estes, por sua vez, seriam aqueles que andam em grupos, não têm noção de nada, fotografam tudo, enfrentam filas enormes para visitar pontos turísticos e pagam caro por refeições insossas em lugares frequentados apenas por turistas. Ah, ainda compram os famosos souvenires, que, no Brasil, chamamos mais de “lembrancinhas”.

A bobagem, no meu ponto de vista, é que a maioria das pessoas não se enquadra em uma ou em outra categoria. A pessoa comum é uma mescla dessas duas coisas. Nem todo turista anda em grupo, fala alto, fotografa tudo e só frequenta pontos turísticos. Tomo por base minhas viagens e as feitas pelas pessoas que conheço, tanto em minhas relações pessoais ou profissionais.

Aliás, qual o problema de visitar pontos turísticos? Pode ter fila, ser caro, mas imagina só ir pra Paris e nem chegar perto da Torre Eiffel... Uma vez só, pra apreciar, fotografar ou até mesmo ir só pra fazer uma cara blasé e dizer que não gostou, que não valeu à pena...

Por outro lado, embora as viagens dos “viajantes” possa ser muito rica em experiências locais e cheias de lugarezinhos desconhecidos, pitorescos, verdadeiros tesouros de viagem, imagina só que coisa chata visitar uma cidade, um país e não conhecer o que ela/ele tem de mais famoso... Sem graça, não? Sempre irão perguntar se você chegou a ir ou não a determinado lugar. Normal.

O que eu achava é que há pessoas que estão mais e outras menos acostumadas a viajar. Daí, tentava justificar a falta de noção – e muitas vezes, de educação – de muitos turistas por aí. Especialmente dos brasileiros. Mas depois de muita reflexão, concluí que a questão também não se refere exclusivamente a estar ou não acostumado a viajar, mas a algo íntimo, mais profundo, algo como bom senso ou educação mesmo...

Cada vez que viajo, encontro uma série de turistas de vários lugares do mundo, mas é impossível não notar os brasileiros, já que temos a mesma origem.

Que fique claro que, ao dizer isso, não acho que sou superior a nenhum deles, só acho que me porto melhor em algumas situações (e, provavelmente, pior em tantas outras, vai saber...).

Há uma falta de educação e de bom senso generalizada por aí. Não só entre aqueles que viajam em grupos e são identificados como turistas à distância, mas também entre aqueles que viajam em família, amigos, casal, etc...

Pra mim, a experiência de viajar vai muito além de apenas visitar pontos turísticos e tirar muitas fotos (embora, evidentemente, eu faça tudo isso...), mas representa, essencialmente, a oportunidade de conhecer novos lugares, novas culturas, novos modos de viver. Gosto muito de observar tudo isso, de sentir a cidade, ainda que nem sempre seja possível agir ou me sentir como um local. Viagens, pra mim, são experiências muito enriquecedoras, cultural e socialmente, que me fazem refletir sobre nosso modo de vida, a sociedade em que vivemos e até mesmo sobre nossa organização urbana ou econômica.

Em suma, há muito o que se aprender viajando, conversando com os locais, tentando entender seu modo de vida e sua organização social.

Mas, infelizmente, nem todos pensam assim. Não apenas brasileiros, mas são desses que eu posso falar mais. Há turistas que, de fato, pouco se importam com esses componentes sensoriais de suas viagens. Normalmente, estão ali pra cumprir seu “check list”, ver tudo, fotografar tudo, mostrar pra todo mundo que estiveram ali, comprar lembrancinhas e, quase em qualquer lugar, fazer compras até não poder mais.

Nada contra. Eu mesma faço “check lists” do essencial dos lugares quando tenho pouco tempo em um lugar específico e adoro fazer umas comprinhas, mas esse nunca é o objetivo principal – ou único, que o diga Miami! – de minhas viagens.

Não é por isso que todos deveriam viajar como eu. Afinal, quem sou eu pra ditar qualquer coisa por aí?!

Mas me entristeço com a pobreza sociocultural de muitos turistas – ou viajantes – por aí. E lamento a arrogância de muitos que parecem não entender que estão fora de suas cidades ou países de origem. Estes últimos são aqueles que comparam tudo o que veem com o que existe ou o modo como são feitas as coisas em seu país, inclusive com relação à comida.

Confesso que não sou dessas que experimentam comida local com muita frequência, principalmente quando exótica, mas quando estamos em outros países, temos que nos abrir para o cardápio local e procurar nele aquilo que nos apraz, ou, então, arriscar um McDonalds, que você sabe bem o gosto que tem (ou a falta dele...). Não adianta querer comer pão de queijo, coxinha ou arroz com feijão fora do Brasil, por mais gostosos que eles sejam... Aliás, confesso que caso a comida local seja encontrada no exterior, a experiência, nesses casos, nem sempre é das melhores. Meu marido mesmo arriscou comprar uma coxinha em Orlando e – minhanossasenhora! – que coisa horrível!!!

Ter saudades da comida e dos hábitos de casa me parece normal. E isso também é um componente importante de uma viagem: ter saudades e querer, em algum momento, voltar pra casa... Se não tivéssemos ao menos uma mínima vontade de voltar, nas melhores viagens, inevitavelmente, viraríamos imigrantes. :o)

Outros aspectos arrogantes – ou ignorantes mesmo -, no meu entendimento, se referem à vontade que muitos turistas têm de que o local que visitam adote a mesma cultura e até mesmo a mesma língua de seus locais de origem.

Pode parecer meio besta dizer isso, mas é impressionante o quanto, em minhas viagens, encontrei brasileiros absolutamente indignados por ter um tratamento distinto do que têm no Brasil e – o mais ridículo – falando em português com pessoas de língua espanhola, inglesa, francesa e até mesmo grega, achando que seriam entendidos se simplesmente mudassem a entonação ou engatassem uma palavrinha na língua local no meio de uma frase com 35 outras palavras.

As experiências com a língua sempre rendem boas risadas depois de presenciarmos esses episódios! Mas seria tão bom nunca ter essas memórias...

O que eu quero dizer, em essência, é que a questão do viajante e do turista é tão mais profunda que essa simples distinção rasa... Ela envolve cultura, educação, bom senso, polidez e, até mesmo, bons modos.

Aliás, onde foram parar mesmo os bons modos daquelas pessoas que, como eu, liam guias de viagens e procuravam aprender ao menos algumas palavrinhas mágicas no idioma do lugar de destino, tais como “bom dia, boa tarde, boa noite, obrigada e por favor”, com a simples intenção de ser simpática com os locais e, assim, ser bem recebida enquanto turista?! Cada vez menos vejo esses singelos gestos de simpatia...

Por isso, não gosto e não concordo com essa distinção entre turista e viajante, palavras que, semanticamente, são sinônimas e deveriam ser idênticas em sua essência.


E fico realmente triste porque, de repente, o adjetivo “turista” parece que se tornou um xingamento... Isso não deveria ser assim, já que, quando viajamos, somos todos pelo menos um pouco turistas. E não deveríamos nos envergonhar disso!