sexta-feira, 18 de abril de 2014

O maior projeto de todos os tempos

Quando comecei a escrever aqui sobre meus projetos, nem fiz uma lista inicial daqueles em andamento ou daqueles projetados para algum momento da vida. Fazer isso me parecia algo inútil, já que todos os dias invento alguma coisa nova, desejo dar início a algum novo projeto ou deixo alguma ideia para trás, para logo revivê-la no futuro...

A lista, dessa forma, seria interminável. E só me mostraria o tanto de coisas que desejo fazer, projetos que sempre quis tocar e aqueles que eu só empurro pra frente com a barriga.

Mas, agora, estou no meio de um grande projeto em andamento. E sobre isso eu jamais poderia deixar de falar/escrever. Estou grávida!

Sem dúvida, esse deve ser o maior projeto da minha vida. Ter um bebê, criar um filho e ajudar na construção de um caráter de uma pessoinha que, inicialmente, vai depender muito de mim, mas que, a cada dia, vai deixar de precisar de mim para uma nova coisa, sempre em busca de novas descobertas...

Evidente que esse sempre foi um projeto rascunhado em minha longa lista de desejos na vida. Acho que a maioria das pessoas tem o desejo de ter filhos e “perpetuar a espécie”. Não quer dizer que todos tenham esse desejo ou tenham que tê-lo, claro que não... Mas é fato que muita gente o tem.

Eu também tinha. Não era algo concreto, não tinha deadline pra acontecer, era um desejo bem abstrato, imaterial, impalpável mesmo... Sem grandes planos. Nos últimos dois anos, eu e meu marido adiamos esse projeto em prol de alguns outros, mas chega uma hora em que a gente tem que enfrentar a realidade e, com o tempo passando e o relógio biológico ticando, tínhamos que tomar uma decisão a respeito disso.

Até por ser algo tão impalpável, tão abstrato e tão fora do nosso controle exclusivo, discutimos quando poderíamos dar início a ele, sem muita ansiedade... Incialmente, não havia consenso, mas constatado que sua realização não dependeria unicamente da nossa vontade, mas de uma série de fatores biológicos, sociológicos e – por que não dizer? – até religiosos, acabamos entrando num acordo de darmos início às tentativas, pois vai que demore, né?!

Fuçando uma ou outra vez na internet a esse respeito, vi uma infinidade de pessoas se preparando para serem mães com tanta antecedência, adotando providências para garantir sua fertilidade e, infelizmente, algumas tentando há tanto tempo engravidar, que isso me fez pensar que dar início às tentativas não implicaria, necessariamente, engravidar em pouco tempo.

Acabamos sendo positivamente surpreendidos com a rapidez da concretização desse nosso projeto. Confesso que, inicialmente, ficamos um pouco em choque, pensando que foi tão rápido que não conseguimos executar alguns planos anteriores ao bebê, como voltar pra São Paulo, como prevíamos.

Mas depois de pouca reflexão, chegamos à conclusão de que não valeria à pena atrelar algo tão positivo para nós a essas dúvidas e incertezas, pois, do contrário, não conseguiríamos curtir essa novidade. E como a gravidez, apesar de durar 9 meses, passa rápido, não podemos desperdiçar os momentos de alegria com questões banais e que, mais cedo ou mais tarde, irão se resolver.

Assim, decidimos curtir o momento e nosso pequeno grande projeto, que cada vez cresce mais dentro de mim.

Estou com cerca de 4 meses de gravidez, muitas dúvidas, incertezas, inseguranças, mas também tenho muitas constatações e esperanças com relação a isso e – só por isso! – resolvi escrever sobre esse projeto publicamente...

Entre tantas coisas que aconteceram nesse período, uma das grandes surpresas, para mim, foi descobrir como eu conheço meu próprio corpo. Dizem que é difícil saber ou sentir que se está grávida num primeiro momento e eu tentei ignorar alguns sinais por uns dias, achando que isso tudo podia ser ilusão, ansiedade ou algo do tipo. Mas não era. Descobri a gravidez relativamente cedo, com 5 semanas, quando já tinha indícios dela há pelo menos 2 semanas. Isso eu achei realmente muito curioso...

Além disso, sinto cada vez mais cada transformação, ainda que pequena, no meu corpo e, de alguma forma, em meu ser.

Por outro lado, acho incrível que, por mais que eu dê uma olhada e leia coisas a respeito de gravidez, como as pessoas de fato se transformam com esse evento.

Como disse, não dá pra ignorar que algo muito especial está acontecendo com a gente. Mas me espanta o fato de que muitas mulheres simplesmente deixam de ser mulheres, profissionais ou qualquer outra coisa a partir da gravidez e se tornam apenas mães.

Deixa eu me explicar: nada contra ser apenas mãe, muito pelo contrário. Aliás, “apenas” é um grande eufemismo... Admiro muito todas as mulheres que abdicam de suas vidas profissionais e muitas vezes pessoais para se doarem ao lar e à família. Acho isso de uma “transcendência” extrema. Pessoalmente, acho que sou muito egoísta para chegar a esse ponto. Mas nunca sabemos o dia de amanhã...

Que, de fato, as pessoas mudam quando se tornam pais e mães, não tenho dúvidas. De repente, passam a ser responsáveis por uma outra vida (ou outras)! Uma pessoinha passa a depender de vocês para tudo, então, nada mais natural que ela se torne o motivo primordial de suas preocupações e o grande destinatário de sua dedicação.

Mas acho curioso como algumas pessoas parecem deixar de existir a partir desse evento. Sei que posso estar falando da boca pra fora, que posso passar exatamente pela mesma coisa, mas deve ser até mesmo por isso que registrar essa reflexão me parece importante. Se eu estiver errada, sempre vou poder ver como eu era estúpida a esse respeito. Se eu não estiver, prometo que volto aqui pra contar depois.

O que vejo e que me causa espanto é justamente a anulação do ser “mulher” para dar lugar ao ser “mãe”. De novo: não tenho dúvidas de que seja uma experiência transcendental, que nos faz perceber que não devemos nos dedicar exclusivamente a nós, que nos deixa menos egoístas... Mas será que, necessariamente, é preciso deixar de existir para dar espaço ao ser mãe, única e exclusivamente, 24 horas por dia, 7 dias por semana?

Quando digo isso, não quero defender que as mães sejam egoístas, ou deixem seus filhos de lado por alguns dias/horas/semanas, mas que simplesmente não deixem de existir como pessoas, mulheres, profissionais, esposas (odeio essa palavra, mas, enfim...)...

Sei que é uma crise. Há dificuldades na escolha de prioridades quando se têm filhos e, principalmente, quando se têm pouco tempo para fazer tanta coisa na vida. Não desconsidero o sentimento de culpa arraigado em nós, mulheres, há tantos séculos... Mas ser profissional, cuidar de si, ler, estudar, trabalhar, sair com o marido, com as amigas, nada disso faz uma pessoa ser menos mãe.

Ao contrário, tem muita mãe que não trabalha, se reveste da característica “mãe do ano”, divulga milhares de coisas fofíssimas sobre a maternidade, mas nunca nem dá atenção pros filhos, porque, na verdade, está apenas cumprindo um papel que acredita que tem na sociedade. Fazer algo diferente a tornaria uma pessoa menos respeitável no meio em que vive...

Acho que, muitas vezes, uma mãe que tem menos tempo pros filhos consegue aproveitá-lo melhor com eles do que outras que supostamente se dedicar à família em tempo integral. Claro que isso não é uma afirmação absoluta e não deve ser generalizada... Mas, sim, elas podem ter um tempo de maior qualidade, compartilhar experiências, prestar atenção nos filhos e ainda se mostrar com maior autoestima, tornando-se uma pessoa mais admirável do que outras mães que se dediquem exclusivamente a isso.

Além disso, toda mulher minimamente inteligente irá pesquisar sobre comportamento infantil, ler coisas interessantíssimas sobre isso e muitas vezes divulgar o milagre da maternidade. Mas isso não quer dizer que ela não lerá notícias do mundo, não terá outros assuntos, outros interesses...

Tudo isso que escrevo tem como razão justamente a constatação de que, após serem mães ou até mesmo logo após engravidarem, há mulheres que parecem simplesmente dedicar toda sua atenção e sua capacidade crítica para um único assunto: a maternidade. Será que tem que ser assim?

Como disse, me interesso por muitas coisas relacionadas à maternidade, até porque essa é a minha primeira gravidez e tenho vontade de ler e saber mais a respeito. Mas não consegui deixar de lado os meus milhares de outros interesses. E fico feliz por isso. Muito feliz! E ainda vou ter o maior orgulho de contar pro meu filhote que, em pouco tempo de gestação, ele já foi comigo a dois excelentes shows de rock. E que, se Deus quiser, irá a outros três jogos de futebol da Copa do Mundo. Olha que coisa linda!

Isso sem falar que, graças aos pouquíssimos enjoos que ele me causou, eu continuo trabalhando (infelizmente de forma enlouquecida, como sempre...), mas sem nenhum prejuízo às minhas atividades. Espero que ele também se orgulhe disso!!! =)

Como disse no título, sem dúvida, esse é o maior projeto da minha vida. O que mais vai consumir tempo e dedicação e praticamente o único que eu não poderei abandonar inacabado. Fico muito feliz por ter a oportunidade de tocá-lo. Mas apesar de ser o maior, ele não é o único. E espero ter saúde e energia para tocar todos os outros projetos, para dar muito orgulho ao filho que vou ter, mostrando que a mãe dela é muito mais que “só” mãe (lembram do eufemismo?).

Por isso, não poderia deixar de escrever aqui sobre esse projeto tão grandioso. E com isso, provavelmente, escreverei mais à frente sobre os projetos conexos a ele (quarto do bebê e, quem sabe um dia, uma casa maior?). Mas queria registrar que não é minha intenção transformar esse espaço em um espaço sobre maternidade. Como esse não é meu único projeto e, embora me faça refletir muito, não é minha única causa de reflexões, espero continuar escrevendo aqui, como sempre, sobre assuntos diversos. E que isso fique registrado para a posteridade. ;o)



terça-feira, 15 de abril de 2014

O que podemos aprender com nossos filmes favoritos

Outro dia assisti, provavelmente pela milionésima vez, o filme Curtindo a Vida Adoidado (Ferris Bueller’s Day Off) e relembrei porque ele foi meu filme favorito por tanto tempo... Há, de fato, muitos motivos para gostarmos de um filme, um livro, uma música... Um deles é a história em si, outro, a “lição” que ele te passa, em outras tantas situações, há uma identificação com algum personagem ou com os fatos narrados. Acho que esses são os principais, sempre.

No caso de Curtindo a Vida Adoidado, acho que sempre gostei mesmo da “moral da história”. Claro que não tem nada de bonito em defender que estudantes matem aulas para fazer loucuras por aí, mas o principal é que a vida passa muito rápido. Se você não parar para curtir, em algum momento, não vai tê-la visto passar. Não é verdade?

Estava escrevendo esse post há um tempão, ele ficou arquivado pelas metades e eu acabei escrevendo um outro sobre a correria do dia-a-dia e os sacrifícios necessários (ou não?) pro nosso futuro.

Mas retomando o fio da meada, da fato, a vida é curta, passa correndo e não deveríamos desperdiçá-la com banalidades. Acho isso um exemplo, adoro o filme e espero poder mostra-lo pros meus filhos (e ensinar que matar aula é feio e errado...) porque acho uma boa moral da história mesmo.

Alguns dias depois, resolvi assistir um outro filme antigo, que eu também adoro, o “French Kiss” (acho que em Português foi traduzido para Surpresas do Coração), com a Meg Ryan e o Kevin Kline. É um romance bobo, água com açúcar e bem “sessão da tarde” que muita gente vai odiar, com certeza!

Mas eu sempre gostei muito. Antes, eu achava que era por conta da locação do filme, na França, mostrando não apenas Paris, mas o interior, um clima bucólico, encontro familiar, vinhedos e a beleza da produção do vinho....

Dessa vez, percebi que, na verdade, o que me fazia gostar mesmo do filme era um dos fatores que comentei lá em cima: identificação com o personagem.

Não tenho medo de avião, nem sou tão romântica e sonhadora como a personagem da Meg Ryan no filme. Mas gosto muito de duas passagens que fizeram eu me ver naquele personagem: em uma delas, ela explica que age conforme suas emoções – se está feliz, sorri, se está triste, faz cara de triste.... e em outra, ele comenta o “andar de menina” dela.

Bom, não sei se meu andar é de menina, mas tenho a sensação de que, por mais produzida e com um saltão que eu esteja, não consigo andar daquele jeito “mulher-adulta-sedutora” nunca na minha vida. E quando me percebo andando sem muita atenção, sempre acho que ando do mesmo jeito que quando tinha 12 anos, andava de tênis, moletom amarrado na cintura e jogava handebol....

Já a ação conforme a emoção, não sou daquelas pessoas extremamente emotivas e expressivas. Acho que consigo segurar em muitos momentos minhas emoções. Mas, até por isso, fui deixando de escondê-las por achar que isso pode nos fazer meio mal...

E, em geral, não consigo reagir de forma muito diferentes daquilo que sinto. Acho que não consigo ser hipócrita, fazer cara de quem adora aquela pessoa que a gente não suporta (e isso sempre, desde criança...), que achou brilhante uma ideia idiota ou banal e que respeita muito aquele que não merece meu respeito ou consideração.

E, cada dia mais, vejo que não consigo fechar minha boca e deixar de dizer aquilo que penso. Ainda que isso me traga problemas.

De fato, cada dia mais me vejo na situação de dar pitaco, opinião, deixar registrado meu pensamento, nos mais variados momentos. Se isso é bom ou não, não sei realmente. Eu gosto, acho bom, autêntico, mas sei que pode me trazer consequências indesejáveis.

Sei que a maturidade nos faz ver as coisas com um pouco mais de tranquilidade, com o passar do tempo. Não acho que meu jeito de ser implique imaturidade, necessariamente, mas pode ser que algum dia eu repense essa maneira de ser.


Por enquanto, eu vou vivendo, tocando, sorrindo quando estou feliz, fechando a cara quando não estou e dizendo o que penso. Claro que tenho algum bom senso e tento ser delicada em minhas colocações. Também não pretendo ofender ninguém com minhas opiniões (embora, às vezes, o faça...). Mas hipocrisia, deslealdade, falsidade, e coisas afins realmente não são características que eu pretendo inserir em meu dicionário de viver...