terça-feira, 10 de dezembro de 2013

Faça Acontecer!

Li agora, em Novembro, o livro Faça Acontecer – mulheres, trabalho e a vontade de liderar, da Sheryl Sandberg, chefe de operações do Facebook, e tenho que registrar que adorei o livro (resenha aqui).




No começo, me achei um pouco preguiçosa por ler a versão em português e não a original, em inglês (Lean In), mas acho que, enfim, valeu à pena, pois foram acrescentados diversos dados sobre o Brasil que eu não sei se constam na versão original. Se constam, de fato, fui preguiçosa. Do contrário, foi muito bom ler a versão brazuca, que apresentou bons números e comparações da situação da mulher no Brasil com relação a outros lugares do mundo.

Sei que vou soar repetitiva, mas achei muito bom o livro mesmo. A autora relata, com bastante crueza, de forma muito fiel à realidade e embasada em dados concretos de pesquisas, artigos, experimentos e estudos científicos, além de sua própria experiência, as dificuldades enfrentadas pelas mulheres nessa tarefa árdua de tentar equilibrar vida pessoal, família, filhos, e vida profissional, com a necessária dedicação aos estudos, ao trabalho e o alcance de posições mais elevadas num mercado de trabalho competitivo e dominado pelos homens.

O incrível de ler esse tipo de coisa é perceber que não importa o quanto a sociedade evoluiu e como as mulheres conseguiram espaço no mundo acadêmico (em muitas faculdades já são maioria...) e profissional, a estrutura do mercado de trabalho e – ainda pior! – da sociedade melhorou muito pouco e não acompanhou essa “evolução” feminina.

Confesso que em vários momentos do livro, ao constatar que aquilo reflete muito bem a realidade (infelizmente, ignorada por tantos...), fiquei num estado meio letárgico / meio depressivo. Como é triste reconhecer isso e enfrentar a realidade!

Mas o melhor é que a abordagem desses temas é feita de uma forma positiva e, no final, acredito que a autora, que contou com a ajuda valiosa de tantas outras pessoas na elaboração desse livro, consegue nos motivar a perseguir essa mudança, tão necessária para o mundo de hoje e para o futuro, para as gerações que estão por vir.

Nem preciso dizer que grifei frases e parágrafos do livro aos montes. Meu kindle, coitado, ficou todo marcado...

E minha motivação foi tamanha que eu já decidi que esse livro vai ser meu presente para todas as mulheres que eu conheço, sempre que possível. Espero que, assim, possa contribuir para motivá-las um pouco também. No meu caso, acho que essa leitura reacendeu uma grande vontade de fazer diferente, que andava meio esquecida por aí...

Aliás, hoje mesmo, tive um insight assustador. Algo do tipo: “Na vida, temos duas opções: aceitar a realidade ou tentar transformá-la. Passei minha vida toda querendo transformá-la, mas cheguei à conclusão que, até agora, não fiz nada muito além de aceitá-la”. E agora, José?

Voltando ao livro, recomendo a leitura! E nem ganho absolutamente nada com isso.

domingo, 24 de novembro de 2013

Felicidade?


Há algum tempo, li um texto interessantíssimo sobre a busca incansável da felicidade, que abordava de uma forma muito interessante essa “exigência social” de felicidade completa e em tempo integral...
Como leio muita coisa na web, o tempo todo, não me lembro exatamente onde li o texto, talvez num dos blogs hospedados no Yahoo ou pode até ser que o recebi por e-mail. O fato é que aquilo me tocou profundamente.

Tentei localizar o texto, mas ao procurar por aí, além das incansáveis letras da música Felicidade, do Fabio Jr. (...brilha no aaaaar, como uma estreeeeela, lá lá lá lá lááááá.... – se eu fiquei com a música na cabeça, devo compartilhar com o mundo...) e de diversas sugestões de frases e citações sobre felicidade, não o encontrei.

Mas encontrei um texto antigo, exatamente na mesma linha, o Nada é só bom, da Eliane Brum, postado no site da Época em Setembro de 2010. E, além do texto ser muito bom, o que também me chamou muito a atenção foram os comentários (adoro ler comentários de leitores na web!!!), postados muito tempo após a publicação do texto, até 2012. Pelo visto, não fui só eu que, além de ler o texto depois de muito tempo de sua postagem, concordo com o que ele diz...
Além disso, também achei uma citação muito interessante nesse blog, atribuída a Miguel Mahfoud, que, eu, realmente, não sei quem é (e sequer chequei a veracidade da citação):

À todos nós interessa reconhecer o que somos, profundamente, porque nos interessa a realização, a nossa realização enquanto pessoas. Então, trata-se de aprender a reconhecer os elementos essenciais do nosso ser, aprender a reconhecer que somos exigência de felicidade, que somos exigência de realização.

Além de reconhecer que somos exigência de felicidade e de realização, o trecho citado acima também retoma a máxima “conheça-te a ti mesmo”, que também sempre me faz refletir...

Mas, enfim, lendo essas coisas, retomei várias das ideias que, se não estavam no texto que originou essas reflexões, foram causadas por ele, relativas à crescente imposição social de felicidade.

Quem disse que temos que ser felizes o tempo todo? E qual o referencial de felicidade? Cada dia mais, vejo que esse sentimento está atrelado a ter um relacionamento com outra pessoa (como uma das pessoas que comentou o texto da Eliane Brum, que perguntou como ela faz para manter a esperança quando se sente insatisfeita por, por exemplo, não ter um namorado – hein?!) ou ao consumo (lembrando sempre de toda a recente polêmica sobre o tal “rei do camarote”).
Mídia, publicidade, tudo isso, sem dúvida, tem um papel relevante nessas escolhas. Mas a sociedade, que é constituída por nós, seres humanos falhos, repete essas necessidades incansavelmente e quase todos as tomam como verdades absolutas, como fatores indispensáveis à “formação” (se é que posso falar assim) da felicidade.

E aqueles que não se encaixam nesses modelos pré-fabricados, prontinhos e – ouso dizer – quadradinhos de felicidade estão automaticamente excluídos da sociedade. Não pertencem à categoria das pessoas felizes e, portanto, devem se sentir miseráveis até que alcancem esse estado de felicidade desejado.

Pergunto se ninguém questiona esse modelo, esse estado de felicidade, esse molde de comercial de margarina mesmo – sei que falar de margarina é clichê, mas, não tem jeito, isso é o que melhor representa esse sentimento imposto pela sociedade como exemplo de sucesso na vida. Isso e, claro, as novelas do Manoel Carlos, que mostram aquelas famílias tomando café da manhã em maravilhosos apartamentos no Leblon, como se a vida fosse, de fato, cor de rosa...
E nessa busca por uma felicidade inatingível, irreal, as pessoas atingem níveis inacreditáveis de infelicidade! Como se não ter alguém ao lado, um carro do ano, sucesso profissional absoluto, família linda, Doriana na mesa e café da manhã de novela fossem indicativos de um fracasso indesculpável!!!

Isso me angustia muito. Principalmente quando a minha concepção de felicidade nunca realmente se encaixou nesses níveis.
Veja bem, isso não quer dizer que eu não almeje ou desdenhe desses objetivos que listei acima ou até mesmo de quaisquer outros. Não pretendo ficar sozinha, sem carro, sem margarina ou café da manhã. Só acho que nada disso é sinônimo de sucesso ou felicidade.

E nessa busca pelo texto perdido, encontrei a definição “wikipédica” de felicidade. Não resisti e parei pra dar uma olhada. Ela diz assim:
A felicidade é um estado durável de plenitude, satisfação e equilíbrio físico e psíquico, em que o sofrimento e a inquietude são transformados em emoções ou sentimentos que vai desde o contentamento até a alegria intensa ou júbilo. A felicidade tem, ainda, o significado de bem-estar espiritual ou paz interior. Existem diferentes abordagens ao estudo da felicidade - pela filosofia, pelas religiões ou pela psicologia. O homem sempre procurou a felicidade. Filósofos e religiosos sempre se dedicaram a definir sua natureza e que tipo de comportamento ou estilo de vida levaria à felicidade plena.

A felicidade é o que os antigos gregos chamavam de eudaimonia, um termo ainda usado em ética. Para as emoções associadas à felicidade, os filósofos preferem utilizar a palavra prazer. É difícil definir, rigorosamente, a felicidade e sua medida. Investigadores em psicologia desenvolveram diferentes métodos e instrumentos, a exemplo do Questionário da Felicidade de Oxford, para medir o nível de felicidade de um indivíduo. Esses métodos levam em conta fatores físicos e psicológicos, tais como envolvimento religioso ou político, estado civil, paternidade, idade, renda etc.
Friso: estado durável de plenitude, satisfação e equilíbrio físico e psíquico. Será?

O que significa, exatamente, dizer “estado durável”?
Pessoalmente, sempre achei que felicidade é um estado de espírito. Mas momentâneo. Isso pode soar meio bipolar, mas acho que qualquer ser humano pode oscilar da felicidade mais radiante para a infelicidade extrema (e vice-versa) de uma hora para outra, dependendo do que acontecer com ele em determinados momentos.

Pra mim, a felicidade é aquele sentimento que decorre de algo que te preenche, que te completa.
E, por isso, para alguns, realmente, a felicidade pode estar intimamente relacionada a ter um namorado(a), um carro do ano, a ser o rei do camarote ou a viver como em um comercial de margarina.

Mas isso não quer dizer que todos esses acontecimentos sejam fatores de felicidade. Isso tudo pode representar uma mortal infelicidade para muitas outras pessoas, que não se enquadram nesse modelão “novela do Manoel Carlos” (nada pessoal!). Para alguns, estar sozinho pode representar o maior grau de felicidade esperada em determinado momento.
E esse tipo de pessoa, que não se enquadra nos padrões socialmente estabelecidos para as pessoas “felizes” não pode ser taxado infeliz pela ótica dos outros, que não conseguem enxergar o real sentimento de felicidade que os possui.

Em compensação, não custa olhar com mais cuidado, carinho e atenção para essas pessoas que são aparentemente felizes porque se enquadram nos padrões socialmente estabelecidos. Isso porque essas pessoas podem estar extremamente infelizes justamente porque passam o tempo todo perseguindo esses ideais de felicidade que a sociedade lhes impõe.

E a perseguição por uma felicidade irreal, completa e em tempo integral é algo extenuante, que pode acabar com o pouquinho de felicidade de qualquer um que busque a aceitação social acima de todas as outras coisas na vida.

segunda-feira, 18 de novembro de 2013

...escolhas...

Um dos meus filmes favoritos é O Diabo Veste Prada. Não tenho problema em admitir que gosto de filmes americanos bobos, de sessão da tarde. Toda vez que vejo esse filme passando na TV (e ele passa muito na TV a cabo...), sempre paro para assistir.



Apesar de toda a aparente futilidade do filme, acho que ele aborda a moda de uma forma bem interessante. Mas o que eu mais gosto do filme não tem absolutamente nada a ver com moda. Gosto mesmo é da reflexão que o filme provoca com relação às escolhas que fazemos em nossas vidas.
Quem assistiu, deve lembrar que no final, Meryl Streep diz para a Anne Hathaway que tudo o que aconteceu com ela durante o filme decorreu de suas escolhas e que nada lhe havia sido imposto.
De fato, em nossas vidas, reclamamos muito que não temos opção, que temos que fazer uma ou outra coisa, mas isso não é bem verdade...

Quem acredita em livre arbítrio sabe que tudo o que acontece em nossas vidas é resultado de nossas escolhas. Escolhemos, a todo momento, como nos portar, o que fazer, de que forma agir ou reagir e isso, sem duvida, é o que nos move.

Apesar de acreditar nisso, vivo enfrentando situações que me fazem questionar até que ponto somos realmente responsáveis por tudo o que nos acontece. Costumeiramente, convenço-me de que somos inteiramente responsáveis, mas isso nem sempre é bom, porque mesmo sabendo que muita coisa decorre de minhas próprias atitudes, sinto-me impotente na maioria das vezes.
Isso porque agir conforme nossa consciência e portarmo-nos exclusivamente de acordo com nossas vontades é algo “socialmente indesejado”, já que, vivendo em uma coletividade, temos que ceder em alguns pontos para respeitar os direitos e interesses dos outros. Temos, sim, (temos mesmo?) que nos conformar com algumas regras e convenções sociais que nos impedem simplesmente de agir como “porra loucas” o tempo todo. Embora, obviamente, isso não seja uma “regra” seguida por todos, mas pela grande maioria de pessoas que tenta ajustar seu comportamento à vida em sociedade...

Esse tipo de reflexão também me faz questionar até que ponto, realmente, não podemos agir como queremos. E reconheço que podemos. Para isso, só precisamos nos despir dessa necessidade absurda que temos de “aprovação social”. É o famoso “não ligar para o que os outros pensam”.
O problema é que sempre ligamos pro que os outros pensam, mesmo quando acreditamos que não ligamos ou adoramos alardear por aí que “não estamos nem aí”... Claro que existem poucas exceções, mas as pessoas, em geral, têm uma necessidade de aprovação social sim. E, infelizmente, são influenciadas e, algumas vezes, até mesmo definidas pelo que os outros pensam ou falam delas.

Daí, não agem única e exclusivamente de acordo com suas consciências.

Saindo da abstração e trazendo esse questionamento para a minha vida, penso que, infelizmente, me vejo presa em algumas situações nas quais acredito não ter saída se não agir de determinada maneira.
Mas, para não ser hipócrita comigo mesma, tenho que reconhecer que tenho, sim, escolha. Posso me portar de forma distinta, mas não quero. E essa minha ‘vontade’ não é consciente e deliberada. Ao contrário, é íntima. E não quero agir diferentemente porque tenho, lamentavelmente, uma necessidade de ser vista ou considerada de determinada forma.

Agir de forma diferente não é algo simples. Temos que nos despir de preconceitos e dessa necessidade de aceitação social. E, realmente, não ligar para as consequências.
Confesso que eu detesto me sentir num beco sem saída, com um único caminho a seguir, especialmente quando esse caminho não foi escolhido diretamente por mim, mas por terceiros.

Aí, paro, penso e vejo que eu contribuí fortemente para me colocar numa situação dessas. E tenho a opção de voltar para trás, ao invés de seguir nesse caminho.
Algumas pessoas optam por segui-lo por simples comodismo. É mais fácil continuar a ir em frente, quase que por ‘inércia’, do que parar para refletir sobre suas vidas e concluir que tudo poderia ser diferente. Temos sempre aquela sensação idiota de que não temos tempo suficiente para colocar nossos projetos em prática, começar novamente...

Fico feliz ao ver pessoas que não são travadas assim. Eu, infelizmente, ainda sou. Espero poder me despir disso tudo um dia. Mas, por enquanto, ainda sigo alguns caminhos sem tê-los escolhido e continuo p*&$# da vida por me sentir sem saída.

A diferença, penso eu, é que paro e reflito e – triste! – reconheço que participei fortemente das escolhas por esse caminho que às vezes me sufoca. Não só segui em frente, como também deixei de voltar para trás. Mas o fato de reconhecer minha participação nisso só me “acalma o coração”. Vejo que não sou um fantochezinho social tão perfeito. Ainda penso, questiono e reflito. Mas, – que pena! – ainda espero chegar o dia em que eu tenha coragem de, como na cena mais emblemática daquele filme, jogar no chafariz da Place de La Concorde tudo aquilo que me irrita e que, se eu tivesse feito minhas escolhas deliberadamente, jamais teria cruzado meu caminho...

quarta-feira, 16 de outubro de 2013

...sobre mudanças... (e música!)

Volto a escrever depois de um longo “e tenebroso” período de silêncio e não, propriamente, inverno...

Neste período, milhares de coisas aconteceram, muitas conversas e profundas discussões foram travadas sobre os mais distintos aspectos da vida pessoal, social, cultural, etc....
Mas volto para escrever sobre algo que penso há tempos em colocar no papel. Neste caso, no mundo virtual: as mudanças pelas quais passamos ao longo de nossas vidas.

Há algum tempo, parei para refletir sobre as mudanças pelas quais eu passei, pessoalmente (ô redundância, hein?!). Morar há seis anos em Brasília, que não é uma cidade que eu escolhi para viver, e trabalhar exatamente no mesmo lugar por todo esse tempo, além de parecer algo absolutamente impensável para o meu “eu passado”, certamente me fez mudar. A pessoa que ainda pretende retornar para São Paulo hoje, com certeza, não é a mesma que chegou aqui seis anos atrás...

E isso sempre me causou uma leve insegurança, principalmente quando pensava sobre como seria o processo de retorno e de readaptação à minha cidade amada-idolatrada-salve-salve, já que minha rotina também não seria a mesma, morando e trabalhando em lugares diferentes...
Mas o barato é que esse tipo de reflexão me fez pensar no que mudou em mim nesse tempo todo. E vi muita coisa que não gostei. Hábitos que deixei de ter sem maiores motivos, tais como ouvir música.

Sempre ouvi muita música. O tempo todo. Ainda que não seja uma profunda conhecedora, música sempre ditou meu dia, minha rotina, marcou momentos importantes da minha vida. Há músicas que, até hoje, ouço e me fazem sentir como em um determinado momento da vida.

Com o tempo, infelizmente, isso foi sumindo da minha rotina. Sim, não consigo dirigir sem música. Quando dirigia em Brasília, ouvia Kiss, mas o sinal foi sumindo com o tempo (e já era super instável), o que me fez parar de ouvir rádio. Passei a ouvir CDs no carro. Diversifiquei também meu gosto. Passei a ouvir metal, o que eu não curtia muito quando era adolescente. E blues, novidade para mim...

Mas rádio mesmo, eu abandonei. No meio dessas reflexões, foi muito legal contar com a volta da 89, rádio que fez parte da minha vida de adolescente, em SP. Como agora a rádio é transmitida pela internet também, nada melhor que ouvir música boa em sua rádio favorita em qualquer lugar do país. Voltei a ouvir muito rádio. Em casa, no trabalho, no banho, etc...

Retomar velhos hábitos me fez bem. Me fez me ver também um pouco mais como a pessoa que sempre fui. Percebi que continuo “bocuda”, como sempre. Sou boazinha com todo mundo e tal, mas continuo aquela mesma menina birrenta que dá patada em quem não gosta, muitas vezes no melhor estilo “tolerância zero” e que ainda tem aquela mania de não gostar de alguém à primeira vista ou porque “o santo não bate”...
E vendo isso, percebi que a gente muda sim. Mas não muda tanto. Em essência, somos sempre as mesmas pessoas.

E mudar nem sempre é ruim. Também nem sempre é bom. Toda mudança é algo interessante, a ser enfrentada positivamente na vida.

Aí, um dia desses, ouvi essa música, do Vespas Mandarinas.

Nem preciso dizer que adorei. Justamente em um momento em que pensava em tudo que já fiz ou deixei de fazer em minha vida, ouvir uma música boa, com essa letra que elenca tantas coisas que alguém já fez na vida, obviamente, fez com que eu me identificasse imediatamente com a música. Até porque já fiz muitas das coisas mencionadas na letra. E não fiz outras tantas, evidentemente....

E a parte sobre fazer versão de rock uruguaio, claro, me chamou a atenção. Mas achei que fosse um episódio meramente biográfico do letrista, que depois vim a saber que é o Chuck Hipólito, aquele que foi VJ da MTV, que também acabou (mas isso pode ser assunto pra outro post...).

Mas, depois, soube que a música era uma versão tupiniquim para a música ya no sé qué hacer conmigo, da banda uruguaia El Cuarteto de Nos.

Com melodia boa e letra excelente, tanto em espanhol como em português, essa música tem habitado há tempos minha trilha musical íntima. Aquela que a gente fica cantarolando o tempo todo quando não está ouvindo música em alto e bom som! J

sexta-feira, 30 de agosto de 2013

Careful what you wish

Há um bom tempo, jogando guitar hero, ouvi uma frase que uso muito em uma letra do Metallica que eu não conhecia muito bem, King Nothing.

Em algum ponto da música (aqui), se diz:

Careful what you wish (Cuidado com o que você deseja)

Careful what you say (Cuidado com o que você diz)

Careful what you wish (Cuidado com o que você deseja)

You may regret it (Você pode se arrepender)

Careful what you wish (Cuidado com o que você deseja)

You just might get it (Você pode conseguir)

 
Não lembro muito bem onde, mas deve ter sido em algum filme daqueles bem profundos, de sessão da tarde, que eu ouvi uma vez essa frase: “cuidado com o que você deseja, pois você pode conseguir”.

(Pra falar a verdade, agora que eu transcrevi, tenho quase certeza que foi no “Esqueceram de mim”, quando o Macaulay Culkin deseja que a família dele suma...)

Enfim, a verdade é que eu era pequena quando ouvi isso e guardei comigo pra sempre, porque sempre que estamos meio de saco cheio temos essa incrível capacidade humana de desejar coisas horríveis. E, realmente, se algum anjinho passar e disser amém pra algum desejo desses, as consequências podem ser bem ruins. Imagina só naqueles dias de TPM em que a gente quer que tudo e todos se explodam...

E o mais interessante é que isso foi virando um pedaço das minhas milhares filosofias de vida, já que senti bem na pele o que isso significa.

Quando eu era criança, passava ali na Avenida Paulista e ficava encantada ao ver aquelas pessoas tão “adultas”, na minha concepção, sentadas nas escadarias da Gazeta. A maioria era aluno do Objetivo, fazendo cursinho pré-vestibular, o que eu só fui entender muito tempo depois. Aí, eu olhada e achava aquilo o máximo, que seria muito legal viver naquele ambiente que, até então, eu nem sabia exatamente do que se tratava.

Anos se passaram, ganhei uma bolsa de estudos pra fazer o colegial (me entreguei agora, hein?!) no Objetivo. Me matriculei na unidade da Lapa e no meio do colegial, fui estudar na Marquês de São Vicente. Mas durante os três anos de “Ensino Médio”, tive que assistir umas aulas de programação avançada na Paulista. Lá ia eu, toda quarta-feira, ter aula a tarde toda no quarto subsolo do prédio da Gazeta, na Paulista. Invariavelmente, no intervalo ou ao final das aulas, sentava na escadaria e fazia parte daquele cenário que eu tanto admirava...

Acho que essa foi a constatação mais cedo que tive de que devo ter cuidado com meus desejos, pois eles podem se tornar realidade. Pelo menos, é o primeiro desejo que eu me lembro de ter acontecido sem eu ter me esforçado muito pra correr atrás dele.

Depois disso, lembro que quando estava estudando pra concursos eu realmente não tinha muita ideia do que queria fazer da minha vida. Quando abriu concurso pra Procurador do Estado de SP, me empolguei. Como estagiei em uma Secretaria do Estado, conhecia o trabalho e achava muito importante a atuação dos Procuradores do Estado.

De alguma forma, coloquei na minha cabeça que aquele era o concurso em que eu queria passar. Mas, como cheguei à essa conclusão muito em cima da hora, obviamente não passei. Mas cheguei tão perto, que animei a estudar com mais afinco dali pra frente.

Assim, quando estava estudando pro concurso de Procurador Federal, tive que ler a lei orgânica da AGU (Advocacia-Geral da União) e, até então, eu nem sabia muito bem como era a atuação de Advogados da União, Procuradores Federais e etc... Só quando li a LC 73/93 é que vi que a atuação do Advogado/Procurador do governo federal, evidentemente, era igual à do Procurador do Estado, só que em nível federal.

Lembro bem de, ao ler as atribuições dos Advogados da União, pensar que talvez essa fosse a carreira ideal e que trabalhar em um Ministério seria muito mais interessante que em uma Secretaria de Estado, até por suas dimensões, que afetam todo o país. Dali pra frente, pensei que queria muito poder trabalhar na Procuradoria da Fazenda Nacional, pra entender um pouco melhor essas questões fiscais, e, depois, o ideal seria ir pra carreira de Advogada da União e, quem sabe um dia, num futuro bem distante, trabalhar em um Ministério. Esse tipo de atuação seria muito relevante e eu me sentiria fazendo algo realmente para mudar o país (e quem sabe o mundo?).

Dois meses depois dessa reflexão, prestei concurso pra Advogada da União. Passei. Minha lotação inicial foi logo em Brasília e, entre tantos Ministérios, fui lotada direto no Min. de Minas e Energia. Até hoje estou aqui em Brasília, trabalhando num Ministério. Apesar de não gostar muito da cidade e ser doida pra voltar pro caos de Sampa, o trabalho é realmente muito interessante e relevante e eu me orgulho de poder, de alguma forma, contribuir para a melhoria do país.

Seis anos. Sempre que penso em reclamar (muito) de ainda estar presa por aqui, lembro bastante da sensação que tive ao ler as atribuições da minha atual carreira e dessa frase emblemática... Ninguém mandou desejar isso.

Claro que eu me esforcei pra passar no concurso, nada caiu do céu. Mas não me esforcei realmente pra ir parar, logo de cara, em um Ministério. Menos ainda em um Ministério tão relevante. Mas não posso reclamar, obviamente, pois, afinal, fui eu quem quis isso, não?

Outra coisa que me marca bastante é lembrar que, também desde criança, eu sempre achei o máximo ver em filmes e seriados esses executivos que viajam a trabalho. Só fui entrar num avião pela primeira vez com 15 anos e sei que fui precoce. À época, viajar de avião era raro, quase um luxo...

Mas achava esse povo de terninho e tailleur, com malas de rodinha, viajando pra lá e pra cá o reflexo do sucesso profissional. Não lembro de desejar algo assim, mas me admirava muito, como aquela galera na escadaria da Gazeta.

E, então, vir morar em Brasília me fez me tornar habitué de aeroporto. Cheguei a ir pra SP em quatro finais de semana seguidos no período mais enlouquecido / pré-casamento da minha vida. Com o maridão por aqui, a frequência das idas a Sampa diminuiu um pouco, mas continuo indo pelo menos uma vez por mês. E viajo a trabalho. Somando tudo, acabam surgindo situações malucas como em junho deste ano, em que passei um mês inteiro viajando: final de semana em SP – um em Brasília – outro em Salvador – outro no Rio – mais um em Sampa, chegando em Brasília no domingo à noite e viajando na segunda-feira à noite de novo, a trabalho. Culpa da Copa das Confederações...

Mais um mês doido vem por aí, com viagem a trabalho, volta, semana de curso puxada em Brasília, mais um finde em SP, mais uma semana de trabalho em BSB, depois Sampa de novo e viagem de férias. Haja paciência e rodinhas nas malas!

Mas por mais que eu me canse de viajar, nunca esqueço no quanto isso, para mim, parecia algo tão chique, puro glamour! E reflito sobre o quanto nada glamouroso é viver de aeroporto em aeroporto, viajar nesses aviões “confortáveis”, ser sempre tão “bem tratada”, etc, etc, etc... Mas nada que um cartão de crédito que te dê sala vip não possa ajudar a melhorar...

E penso que esse é só mais um exemplo de como eu preciso, realmente, tomar cuidado com o que desejo na vida. Do contrário, só Deus sabe onde posso parar!!! J

Por isso, quando ouvi essa música do Metallica e prestei mais atenção à letra, fiquei contente em saber que eu não sou a única que tenho que tomar cuidado com meus desejos. Eles podem se realizar. E podem nem sempre ser bons...

No meu caso, claro, não tenho do que reclamar. Mesmo meu exílio em Brasília não é a pior coisa do mundo. Ao contrário, me proporcionou coisas muito boas até hoje.

E vc, já pensou em quais desejos seus se tornaram realidade?

sábado, 24 de agosto de 2013

Sobre planos pro futuro...


Um dia desses, minha irmã postou no Facebook algo que me chamou muito a atenção. Disse ela que, lendo um post antigo de seu blog, ela encontrou uma “projeção” de como ela estaria em 10 anos após aquela data.

E, depois de seis anos, quando ela releu aquilo, ficou surpresa em ver que sua previsão foi quase totalmente cumprida, ela está exatamente como se imaginava em dez anos, e em menos tempo, exceto a parte de tentar engravidar, porque isso deve ficar pro futuro mesmo, já que ela é mais nova que eu, né?!

Ao ler isso, claro que eu fiquei muito feliz por ela!!! Mas ao mesmo tempo, isso me fez pensar em como eu pensava que estaria hoje, seis anos atrás. Confuso?

Refleti sobre isso e só tenho uma certeza: seis anos atrás, se me perguntassem onde eu estaria hoje, eu jamais acertaria.

Realmente, apesar de seis anos atrás eu ter acabado de passar em um concurso público federal e ter me mudado para Brasília (só com algumas malas e mochilas), eu não imaginava continuar na mesma cidade depois de tanto tempo. Muito menos trabalhando no mesmo lugar.

Nada disso estava em meus planos e, pensando nisso, concluí que não faço muitos planos.

Se me perguntar hoje como me imagino em cinco, seis ou dez anos, não tenho a menor ideia do que estarei fazendo (olha o gerundismo aí geeeeente!) e nem tenho planos.

Acho que por isso mesmo, estou fazendo tudo o que não planejei que faria.

Curioso, porque sempre me achei uma pessoa tão organizada e com tantas ideias pro futuro, mas me reconheci alguém que vive no melhor estilo “Zeca Pagodinho”, do tipo “deixa a vida me levar”...

E ela me trouxe até aqui. Isso me espantou. Mais espantada ainda eu fiquei com a ideia de que não tenho planejamento pro futuro, então, consequentemente, não tenho a menor ideia do que vai acontecer comigo ou com a minha vida.

Isso não quer dizer que eu não pense no futuro. Ao contrário, guardo um dinheirinho pros dias menos felizes, penso na aposentadoria e tenho até seguro de vida pra deixar algo quando eu “faltar” (pra não dizer nada mais desagradável tipo “passar dessa pra melhor”...).

Ainda tenho algumas ideias bem genéricas do tipo: pra onde quero viajar, o que quero conhecer, quais cursos quero fazer, que línguas pretendo falar, que tipo de casa/apartamento/carro eu quero ter, se quero ter filhos, etc...

Mas nada muito específico.

O único planejamento que realmente tenho na vida é o da minha próxima viagem de férias e até isso, ultimamente, tem me deixado um pouco confusa, já que as datas planejadas têm sido alteradas e os destinos também são tantos os desejados...

Achei que foi ótimo parar um pouco pra refletir sobre tudo isso. Sempre achei que planejar muito tudo na vida é ruim. Mas falta de planejamento total também não é legal. Pelo menos, comigo, me fez ficar parada num mesmo lugar.

Claro que a falta de tédio do meu trabalho ajuda. Fazer algo diferente, ter sempre algo novo todos os dias (ou quase todos) no trabalho e na vida pessoal mesmo faz com que a gente não se sinta tão "parada” no tempo.

Mas isso não justifica minha surpresa com o fato de eu continuar, depois de seis anos, morando numa cidade que eu não gosto e onde nunca pensei em morar. Pelo contrário, quando eu estava no colegial e minha mãe, ingenuamente, sugeriu a possibilidade de nos mudarmos para Brasília, eu disse que não iria de jeito nenhum! E que, se fosse, voltaria logo depois pra SP pra fazer faculdade. Sempre encarei essa minha mudança pra Brasília como uma espécie de “castigo” por essa minha rejeição da simples ideia de mudar pra cá quando adolescente.

Por falar em colegial, lembro de ter estudado com uma menina que tinha planos muito específicos de como seria a vida dela.

Segundo ela, quando tivesse 19 anos, estaria na faculdade de medicina, namorando um cara da igreja que ela frequentava e que, em tanto tempo, ficaria noiva e, quando se formasse, iria casar.

Eu achava aquilo tão maluco e tão perigoso... Principalmente quando o ideal de vida de alguém dependia de um vestibular concorridíssimo e da boa vontade de um terceiro... Juro que temia muito por sua decepção. Nunca achei que temos domínio sobre o nosso destino. Por mais que façamos nossa parte, a única coisa certa é que nosso destino é sempre incerto.

Talvez essa minha forma de encarar o futuro, muito cética, se deva ao fato de que meu pai morreu cedo. Isso faz com que pensemos que, por mais que planejemos tudo, sempre alguma merda pode acontecer e isso pode ferrar sua vida ou fazer você se desviar completamente de algum caminho.

Vai ver é por isso mesmo que não faço muitos planos. Principalmente aqueles que envolvem outras pessoas. Não sei nem se eu estarei viva e bem de saúde em tal data, muito menos os outros...

De qq forma, tudo isso me faz pensar se não devo começar a pensar no meu futuro de uma forma um pouco mais específica. Parar de pensar em coisas genéricas para começar a traçar alguns objetivos mais claros para que eu possa correr atrás deles sem grandes distrações...

E aí, você que gastou seu precioso tempo lendo esse meu desabafo, tem planos pro futuro? Genéricos, específicos? Quer pensar nisso ou não acha que vale à pena?

;o)

quinta-feira, 8 de agosto de 2013

(ainda sobre a identidade nacional)

Escrevi aqui um texto gigante (prometo que serei mais concisa daqui pra frente, a culpa foi de um vôo longo...) sobre a questão da identidade nacional.

Como ele ficou muito longo, deixei de mencionar que uma boa indicação de leitura para reflexão sobre a identidade nacional brasileira seria o "Guia Politicamente Incorreto da História do Brasil", do Leandro Narloch (Livraria Cultura).


Tenho certeza que nem todos terão a mesma opinião que eu, mas adorei a leitura. É leve, divertida e muito bem embasada em pesquisa e documentos históricos. 

Disse para todos que tive oportunidade de comentar sobre esse livro que sua leitura foi libertadora. Verdade! Aprendemos história na escola numa fórmula tão fechada e por mais que muita coisa não faça sentido algum, aquilo tudo é incutido em nossas cabecinhas infantis para que aceitemos e não questionemos.

Esse livro nos faz questionar muita coisa. Pode ser que tenha algumas passagens mais forçadas, mas o questionamento e a provocação são sempre muito bons. Nos fazem refletir mais, pesquisar mais e aprender muito mais. 

Pena que o sistema de ensino brasileiro não pensa da mesma forma...

Enfim, comprei esse junto com o "Guia Politicamente Incorreto da História da América Latina", que ainda não tive oportunidade de ler. E acabei de ver que foi lançado mais um, o "Guia Politicamente Incorreto da História do Mundo", que já tá na minha wishlist.

Pra quem quiser dar uma bisbilhotada, aqui tem alguns trechos: Veja - Mais Vendidos.

Bjs e fui!

domingo, 4 de agosto de 2013

...sobre a identidade nacional...


Há algumas semanas, li um texto do Sakamoto na Folha de São Paulo sobre o espírito bandeirante paulista e como ele acha isso tudo babaca.

Vi alguns compartilhando e endossando sua opinião e vi outros achincalhando...

A crítica girava em torno do paulista se achar “a última bolacha do pacote”, melhor que os demais brasileiros e responsável por mover a “locomotiva” que é o Brasil. E tudo porque ele não achou legal ver alguém enrolado na bandeira do Estado de SP durante as manifestações que começaram em São Paulo, mas que se alastraram por todo o país no mês de Junho. No texto, ele acusava esse tipo de atitude de ser separatista...

Confesso que em parte concordo, mas em parte discordo da opinião dele.

Quem já conversou comigo sobre isso sabe bem que, apesar de não gostar muito do meu exílio em Brasília, prestes a completar seis anos (sim, o tempo voa! De Concorde!!!), eu sou muito grata ao fato de que sair de SP me fez abrir a mente para muitas coisas a que não temos acesso quando nascemos, somos criados, nos formamos e não fazemos nada além de turismo fora do Estado de SP.

Sair de SP me fez conhecer pessoas de todas as partes do país, ver que há (muita) vida inteligente fora de SP, conhecer autores novos, doutrinas jurídicas não utilizadas no meu estado, e isso acabou ajudando muito a baixar a bola com relação a sermos melhores que o resto do país porque trabalhamos muito e os outros são supostamente “preguiçosos”.

Conheci muita gente, do norte, nordeste, sul, sudeste e centro-oeste, brilhante, capacitada, que gosta de trabalhar e, hoje, não tenho coragem de usar esse tipo de discurso. Coisa que, sinceramente, estudar na USP com pessoas de outros Estados já havia me mostrado, mas que viver fora de SP me fez ver com ainda mais clareza.

Mas também não consigo deixar de reconhecer que, sim, as coisas em SP são muuuuito diferentes de muitos lugares do país. Daí essa estranheza que faz surgir alguns preconceitos em pessoas incautas.

Pessoalmente, vi que minha mania de achar quase tudo em SP muito melhor que em Brasília (coisa com que quase todos os brasileiros que conheço e até mesmo estrangeiros costumam concordar) passou a soar como arrogância e, por isso, tento me policiar diuturnamente.

Também reconheço que, sim, fomos criados assim. Na escola, aprendemos a importância dos Bandeirantes para o país e isso fica incutido em nossa mente. Na vida, vemos que os serviços em SP são bem prestados, as pessoas trabalham com seriedade, as empresas e instituições financeiras tem suas bases de negócios lá e, por isso, o Estado é responsável por grande parte do crescimento do país.

Mas nada disso é mentira. Independentemente da motivação (se espírito patriótico ou puro capitalismo selvagem), os Bandeirantes são responsáveis pela interiorização do país, o dinheiro circula nos grandes centros do país, como SP e RJ, e há uma força produtiva de excelente qualidade no Estado.

Isso, obviamente, não quer dizer que não exista gente muito boa fora de SP. Há muita vida inteligente fora, assim como muita vida pouco inteligente em SP também, afinal, temos a maior população do país, natural que tenhamos do bom e do ruim!

O perigo, pra mim, é quando tudo isso se transforma em arrogância pura e simples e preconceito, infelizmente muito dirigido aos nordestinos. Não quer dizer que porque um Estado tem coisas boas, os outros necessariamente tenham coisas ruins.

Agora, daí a ser idiota usar uma bandeira do seu Estado já me parece um raciocínio muito forçado, embora claramente possível, afinal, opinião, todo mundo tenha a sua, boa ou má.

Não visto a carapuça da crítica, obviamente. Mas tenho em meu carro um adesivo com a bandeira do meu Estado sim. Não vejo nada mal nisso...

Especialmente porque, morando em Brasília, é muito comum vermos as bandeiras de outros estados nos carros e até nas casas das pessoas.

Não consigo interpretar isso como separatista, mas pura e simplesmente como uma forma de mostrar de onde a pessoa vem e que ela se orgulha disso, “no matter what”...

Orgulho de uma identidade. As bandeiras que mais vemos são as de Pernambuco e do Rio Grande do Sul. Os pernambucanos e os gaúchos são as “naturalidades” (posso dizer isso?) de que as pessoas mais têm orgulho e eu, pessoalmente, acho isso muito bonito.

Por isso mesmo, quando tive que transferir meu carro para Brasília e trocar a placa de SP pela do DF, eu e meu marido fizemos questão de colar um adesivinho no carro pra mostrar de onde somos e que temos orgulho disso.

Igualmente, quando viajamos, se nos perguntam de onde somos, sempre dizemos que somos de SP, mas moramos em Brasília. Não sou daqui. Tenho o agravante de não me identificar e de não gostar da cidade e sei que tudo poderia ser muito diferente se eu tivesse escolhido viver no DF e não estar aqui por circunstâncias diversas.

Como disse, sair de SP nos faz, sem dúvida, abrir a mente para outras coisas. Nisso, concordo com as críticas de que em SP vivemos em um mundinho e somos programados para nos achar melhores que os outros. Fora de SP, é possível ver que nem tudo lá é bom e que não somos melhores em tudo.

Mas também nos faz valorizar tudo de bom de Sampa. Da cidade e do Estado. Eu, por exemplo, sempre aponto como motivo de minha insatisfação ter tão poucas cidades ao redor de Brasília em que se possa fazer turismo de final de semana. Claro que isso não é importante pra todo mundo e nem todos gostam de ir à praia ou à serra como eu.

O bom e o ruim sempre vão depender, evidentemente, de cada ponto de vista. Tudo é pessoal e muito particular.

Mas os costumes, hábitos e o orgulho de pertencer a um determinado lugar, a uma determinada comunidade, a vontade de manter determinados costumes, isso jamais será algo ruim. Se fosse assim, todos os centros de tradições nordestinas e gaúchas espalhados pelo país seriam grandes QGs de movimentos separatistas radicais disfarçados... Absurdo? Eu acho que sim, mas tudo depende do ponto de vista de cada um, não é?

E aí, depois de ler e refletir sobre o texto que mencionei, minha conclusão é a seguinte: no Brasil, as pessoas de cada Estado têm uma identidade como comunidade específica, dotada de costumes e culturas próprias.

Mas até pelas enormes dimensões territoriais, a “identidade nacional” dos brasileiros não é tão arraigada.

Isso é o que provavelmente faz com que eu e quase todas as pessoas que eu conheço que realmente gostam e acompanham futebol reconheçamos torcer mais para os nossos times do coração que para a Seleção Brasileira. Sim, Copa do Mundo é legal e tal, mas ninguém fica arrasado se o Brasil perder, já se o Corinthians é eliminado da Libertadores pelo Tolima ou por uma arbitragem muito suspeita... Não é caso nem de choro, mas praticamente de depressão profunda, trauma insuperável na vida!

E aí, quando falamos do que é ser brasileiro, aqui dentro ou lá fora, as características que sempre surgem são: alegria, futebol, samba, carnaval, e o malfadado jeitinho brasileiro.

Cada vez mais me convenço que o que o Brasil tem de pior, infelizmente, fica descrito nessas características. Claro, samba e futebol são ótimos, mas somos uma nação de que, além de jogadores de futebol e bons dançarinos ou músicos?

O jeitinho, a vontade de levar vantagem em tudo cada dia fica mais clara no país. Basta ver que hotéis quadruplicaram os preços de suas diárias durante a Copa das Confederações e isso, além de virar notícia, pegou super mal para um país em que tudo já custa muito caro!

Claro que se pode argumentar que preços variam conforme a demanda. Mas a demanda foi tão alta assim? Esse tipo de coisa é razoável? Pra mim, é oportunismo...

E posso dizer que, sob o meu ponto de vista, não é só esse oportunismo mercantil o problema. Na verdade, acho que o buraco está muito mais embaixo, no âmago do ser do típico brasileiro, o “homem médio”, jargão usado e abusado no meio jurídico.

Nos jogos da Copa das Confederações a que fui o que não faltaram foram maus exemplos. É gente furando fila, achando que se deu bem porque entrou com instrumento de som, o que era proibido nos estádios, vendendo mercadorias falsas, vendendo mercadoria onde não era permitido, etc, etc, etc...

Não tenho dúvidas de que tudo isso tem milhares de explicações. É a falta de emprego, a informalidade do mercado de trabalho, a própria situação de miserabilidade de alguns brasileiros...

Mas, em alguns (muitos) casos, acho que a questão é mesmo de falta de educação e de civilidade!

Até quando vamos ficar apresentando desculpas e causas para tudo isso? Nada será feito pra mudar a péssima cultura do jeitinho brasileiro?

Levar vantagem em tudo é mesmo bom? Ganhar dinheiro sem trabalhar ou trabalhando pouco ou fazendo algo ilegal é realmente uma grande vantagem? Pode parecer em algum momento, mas nada disso dura pra sempre. E quando a pessoa tiver que se virar de outro jeito, vai ter condições?

E quando não tiver jeito, o Estado vai ter que se preocupar, além de tirar a pessoa do estado de miserabilidade (que é o mínimo que se espera do Estado...), com a sobrevida de quem não tem mais condições de se virar por aí?

É esse tipo de nação que queremos? É uma população dependente, desqualificada e preguiçosa? Até onde isso pode levar um país?

Por tudo isso que, sim, hoje eu me identifico mais à identidade do meu Estado que à identidade nacional que vejo por aí (pelo menos, sob o meu ponto de vista, claro). Não quero estar minimamente relacionada à concepção de que se dar bem a qualquer custo (e, às vezes, às custas dos outros) é o melhor a fazer.

Prefiro estar ligada à concepção daqueles nerds que só estudam e se matam de trabalhar a vida inteira e passam horas no trânsito caótico de casa pro trabalho todos os dias, porque o valor do trabalho e da dedicação me é muito caro.

Não digo com isso, de forma alguma, que tenho vergonha de ser brasileira. Mas juro que o jeitinho não me dá nenhum orgulho... O jogo de cintura sim, eu admiro a forma do brasileiro encarar tudo com leveza e conseguir se virar de qualquer jeito, em qualquer lugar do mundo (inclusive no Japão, sem falar uma palavra em japonês, não é, nação corinthiana?).

E confesso que senti um grande arrepio quando, no jogo Brasil x México, em Fortaleza, a multidão que estava no estádio continuou cantando o hino nacional, após o corte dos 89 segundos. Me emocionou. Considerando o momento turbulento por que o país passava naquele momento, minha interpretação foi a de que aquelas pessoas estavam expressando seu orgulho de serem brasileiras naquele momento e que não admitiriam que um símbolo como o nosso hino fosse cortado assim, sem mais nem menos.

E nos outros jogos em que estive, Brasil x Itália, em Salvador, e Brasil x Espanha, no Maracanã, senti o mesmo orgulho e um arrepio ainda maior. Ainda mais quando cantamos novamente o hino nacional no meio do jogo.

Espero, sinceramente, que isso seja reflexo de orgulho, mas que também sirva de reflexão, que toda essa movimentação sirva para uma rediscussão dessa “identidade nacional” forjada e para uma reconstrução da sociedade, pois somente com isso, extirpando de vez o jeitinho brasileiro, é que seremos uma nação respeitada no mundo e teremos muito orgulho de ser brasileiros.

sexta-feira, 2 de agosto de 2013


Jogando Tetris a gente percebe como é fácil tomar decisões estúpidas na vida. Mas também vê que, com um pouco de jeito e muita paciência, tudo se ajeita e volta ao normal.


quinta-feira, 1 de agosto de 2013

Pensando na exposição...


A exposição é uma merda.
Adoro redes sociais, internet e todos os benefícios que a informática trouxe pras nossas vidas...
Mas, não dá pra discordar que isso tudo ajuda qualquer um a se super expor.

E o que eu sempre digo é que essa exposição nunca é involuntária. As pessoas só têm acesso àquilo que nós mesmos divulgamos por aí (exceto a NSA, mas aí o problema é outro...).
Então, o raciocínio lógico é que cabe a nós mesmos dosar o tamanho dessa exposição e só divulgar aquilo que realmente não nos prejudica.

O que, pra mim, é um problema.
Sim, eu colocava todas as minhas fotos de viagem no Orkut, mas ali meu ciclo de amizades se resumia a familiares e amigos e a um ou outro amigo de infância que, um pouco distante, era uma pessoa querida.

Já no FB, por exemplo, o ciclo foi ampliado, com pessoas de quem eu nem lembro muito bem, pessoas do trabalho e etc...
Resultado: eu tomo mais cuidado. Claro que o cuidado é relativo. Não coloco minhas fotos de biquíni ou em situações vexatórias, afinal, não quero agredir ninguém com minhas gordurinhas e nem fazer uma reunião um dia com alguém que viu uma foto comprometedora...

Mas não tenho pudor em colocar coisas relacionadas com álcool, porque não tenho vergonha de dizer que gosto de beber vinho, cerveja, etc, e não tenho problemas com alcoolismo (ainda bem!) e uma ou outra crítica à classe política brasileira, como qualquer cidadão.
Contudo, por exemplo, evito compartilhar grandes críticas ao governo, já que trabalho pra ele. Nem acho isso ético...

Agora, quando abro um espaço pra escrever o que eu penso, não quero ter que tomar tanto cuidado. Mas sei que tenho. Afinal, costumo ser muito enfática em minhas opiniões, às vezes, e isso pode fazer com que o texto escrito fique muito duro e seja muito mal interpretado. A última coisa que quero é ofender alguém (mas também não quero agradar a todos, o que seria impossível...).
Enfim, vou ver se consigo revisar os textos antes de publicá-los e, quem sabe, contar com o auxílio do maridão, como uma espécie de censor...

De qq forma, conto com os comentários de quem estiver lendo meus textos (gentis e educados, por favor!) para que eu possa me orientar melhor também!

quarta-feira, 31 de julho de 2013

Inaugurando o Blog

Sei que eu deveria começar esse post falando de mim, mas acho muito mais legal dissertar sobre o que fazer com esse novo espaço nessa rede mundial louquíssima de computadores... Até porque vou ter muito tempo pra falar sobre mim em outras oportunidades, não é?
 
Eu já tive blog pessoal, flog, blog do meu casamento. Ultimamente, ando perdendo muito tempo nessas malditas redes sociais (que certamente nos dessocializam!), desde a época do Orkut, passando por Facebook e, agora, Instagram...
E sempre mantive vários outros projetos. Me interesso por tanta coisa, por tanto assunto, que queria ter tempo pra escrever sobre tudo, pra compartilhar com quem quer que tenha interesse....

Adoro viagens, mas não viajo tanto quanto os blogueiros “profissa” de viagem. Gosto muito de moda, roupa, sapato, acessórios, maquiagem, unhas, etc, como toda menina/mulher, mas não compro tanto nem sou tão modelete como as blogueiras de moda atuais. Amo fotografia, mas nunca fiz um curso e mal sei mexer na minha câmera (ainda bem que não comprei uma profissional!). Sou vidrada em notícias, sobre tudo, de política, esportes, fofocas e besteiras em geral. Adoro ler, mas nunca consigo reduzir minha “pilha” de leitura, que já toma um armário inteiro. Gosto muito da minha profissão, mas ela me consome o suficiente para eu não ter vontade de ler e escrever sobre direito depois do expediente.

Mas apesar de todos esses “mas, porém, contudo, entretantos...”, queria poder escrever sobre tudo, ter um blog de viagens, outro de moda, outro de fotografia, mais um sobre atualidades, outro sobre literatura, mais um com artigos jurídicos e, quem sabe, um de decoração e outro sobre idiomas???
Impossível, né? Também acho!

Quem sabe um dia, quando eu puder viver de escrever e não mais de trabalhar no esquema 09 – 18 hs, e tiver uma grande equipe de redatores, eu não posso ter um portal com tudo isso, né? Nunca se sabe....
Meu lema sempre foi: temos que ter projetos na vida!

Sempre que um grande projeto meu acaba, minha vida fica meio vazia e eu preciso canalizar essa energia para outro novo projeto.
Então, pra aproveitar que tenho que concluir um projeto inacabado há dois anos (uma monografia de uma pós-graduação tumultuadíssima), comprei até um novo computador pra ver que canalizo, de fato, essa energia “projetística” para fazer o que eu realmente amo na vida: escrever!

Por isso, criei esse espaço. Não sei bem no que vai dar e qual o rumo que ele vai tomar, mas estou disposta a investir um pouco do meu (já escasso) tempo nele e ver qual vai ser o resultado.
E acho que essa explicação inicial é essencial para que eu mesma e qualquer leitor entenda como isso começou: completamente sem rumo. Quando estivermos em algum lugar e qualquer um de nós quiser entender como chegamos lá, vamos ler isso e continuaremos sem entender nada! J

Simples assim!