Nessas
últimas semanas tive inúmeras ideias de temas para postagens, mas não consegui
desenvolver nada além de dois parágrafos mal acabados em um arquivo escanteado
aqui no meu pc...
Os
motivos da ausência sempre foram os mesmos: cansaço extenuante, correria interminável...
E aí, hoje, fiquei pensando nisso. Nossas vidas precisam mesmo ser tão corridas assim?
Há
anos vejo todo mundo ao meu redor reclamando que o tempo passa muito rápido.
Não percebemos mais o passar do dia, da semana, dos meses e até dos anos. Se
parar pra pensar, lembram-se do quanto a chegada do século XXI, do ano 2000,
era uma coisa tão distante e etérea?
Pois
eu lembro. Nem sou tão velha assim, mas lembro bem o receio que o bug do milênio
causou ao país. Ao mundo!
E
cá estamos nós apenas em 2014. 14 anos se passaram. Se formos pensar na
história recente do país, parece que há pouco tempo havia tabelamento, fiscais
do Sarney, caras pintadas nas ruas, plano Real, eleição de um ex-metalúrgico
para a Presidência da República e olha só quantos anos (ou décadas!) se
passaram...
Pois
é. Parece que cada dia mais vivemos na maior correria. Não vemos o tempo
passar, não damos conta de acompanhar todas as notícias, os pais não conseguem
ver seus filhos crescerem... E um dia nos descobrimos velhos e decrépitos.
Tá.
Exagero, claro. Mas por que é que temos que viver correndo tanto? Pra que
acumular tantas atividades e mal dar conta de cada uma delas? Por que passamos
mais tempo trabalhando – no escritório, na empresa, em casa – que nos
divertindo, cuidando da gente, dividindo nosso tempo com pessoas queridas?
Há
tempos tento marcar um almoço com amigos que moram na mesma cidade que eu.
Parece que isso tá ficando impossível, pois não conseguimos um acordo das
agendas atribuladas.
Ir
ao cinema, então, se tornou um programa quase bissexto lá em casa. E pensar que
há um tempo eu me obrigava a tentar ver um filme no cinema por semana. E dava
certo! Eu arrumava tempo durante a semana ou nas tardes de sábado ou domingo. E
por que será que não tenho conseguido ultimamente?
Fico
enlouquecida quando me dou conta que passei quase doze horas no trabalho e mal
deu pra limpar minha mesa e cuidar dos assuntos daquele dia. Odeio ficar
devendo tarefas pros outros. Me sinto meio irresponsável, desleixada até.
Poxa,
mas não dá pra carregar essa culpa se meu tempo não dá conta de tudo, dá?
Fazer
exercícios físicos, então, cada dia mais é uma tarefa quase impossível. Depois
de um mês de afastamento, minha maior alegria foi conseguir fazer uma aula de
pilates! E isso depois de cancelar as três datas anteriores. Ah, e a aula
imediatamente seguinte também... :(
A
gente tem mesmo que viver num ritmo tão acelerado? Socorro!!!
Não
costumo ser preguiçosa, mas com tudo isso, tem dias que eu me percebo perdendo
horas (ou até um dia todo, nos finais de semana em que não viajo) fazendo
absolutamente nada. Letárgica, no sofá, fingindo que vejo televisão. E sem
processar uma única palavra transmitida...
Isso
deve ser uma necessidade por passar os outros dias de forma tão intensa.
Mas
eu sinto uma imensa necessidade de equilíbrio nisso tudo. Você também?
Enquanto
escrevia, lembrei daquele livro famoso, acho que do Domenico Di Masi, “O Ócio Criativo”. Sempre tive a
curiosidade de ler e acho que hoje estou precisando mais do que nunca refletir
sobre os benefícios do ócio. E o quanto ele nos torna pessoas melhores, mais
criativas.
Pessoalmente,
acho mesmo que esse ritmo de vida enlouquecido que as pessoas levam cada vez
com mais seriedade (como se isso indicasse que a pessoa é mais bem sucedida por
sobreviver a ele!) acaba com a gente. Com nosso tempo, nossa saúde, nossa
criatividade, nosso prazer de fazer coisas mais agradáveis e até de trabalhar.
O dia-a-dia se torna uma obrigação, algo programado para acontecer de
determinada forma, em determinado tempo, e que deve ser seguido à risca, sob
pena de – sim – nos tornarmos enormes fracassos.
Que
pensamento horrível! Mas que também me fez lembrar de outro livro bem legal – e
esse eu li! – o “Mais Tempo, Mais
Dinheiro”, do Gustavo Cerbassi e do Christian Barbosa. Nele, um
especialista em gestão financeira e outro, em gestão de tempo, dão dicas de
como levar melhor nossas vidas.
Adorei
o livro, mas, infelizmente, não consegui colocar em prática as sugestões de
gerenciamento de tempo. Acho que está na hora de relê-lo... :(
De
qualquer forma, uma das reflexões importantes do livro era justamente essa: não
adianta nos sobrecarregarmos de atividades e não conseguirmos tempo para o que
realmente importa em nossas vidas.
Desacelerar
não é sinônimo de fracasso! Por isso mesmo, essa é uma das grandes metas da
minha vida: desacelerar! Usar o
tempo com mais qualidade. Isso sim é importante e nos traz realização pessoal
na vida. E não quer dizer que acabe com a realização profissional tão almejada
e perseguida por todos...
O
problema, no meu caso, e o que mais irrita, evidentemente, é o fato de eu não
ser dona do meu tempo, da minha agenda e, às vezes, da minha vida!
Sei
da importância de dizer não, mas a gente se coloca em cada situação... Ou é
colocada nelas, pra ser mais específica... E é muito difícil sair delas. Eu
costumo dizer que minha vida, muitas vezes, gira em um universo paralelo, fora
da realidade.
E
toda vez que penso nisso, lembro daquilo que mencionei no post do Diabo Veste Prada: não adianta reclamar
que não tivemos escolhas, pois a vida é feita delas. A gente sempre tem a
oportunidade de dizer não, de recusar uma ou outra coisa. No meu caso, sempre
que penso em jogar tudo pro alto, lembro que terei de lidar com as
consequências disso.
Lidar
com essas consequências não deveria ser algo assustador, mas natural. Só que,
na maioria das vezes, é paralisante. Não conseguimos tomar nenhuma atitude com
receio do que virá depois.
No
meu caso, a forma que adotei para tentar lidar com isso é criar “deadlines”. Estabeleci alguns prazos e
comecei a traçar alguns planos. Plano A, B, C, D... Se preciso for, o
abecedário inteiro.
Isso
porque a gente consegue conviver com uma piora na qualidade de vida em troca de
alguma vantagem financeira, profissional ou até pessoal por um tempo. Mas não
dá pra desperdiçar a vida inteira numa correria ensandecida que pode não te
levar a lugar algum.
Até
para quem tem pretensões mais altas, que acham que esse sacrifício vai valer à
pena e vai fazer a pessoa colher frutos no futuro, vale a pena questionar até
que ponto esse raciocínio é, de fato, verdadeiro.
No
meu caso, além de não ter pretensões muito mais elevadas (no lugar onde estou,
não na vida...), sei que meu sacrifício hoje não irá me render muito mais
frutos em curto, médio ou longo prazo. E nem acho que, se rendesse, valeria à
pena.
Pelo
menos hoje, não acho que vale à pena abrir mão de ver o tempo passar e de
usufruir dele com qualidade. Espero, realmente, não me arrepender disso no futuro...
;o)