Outro dia assisti, provavelmente pela milionésima vez, o
filme Curtindo a Vida Adoidado (Ferris Bueller’s Day Off) e relembrei
porque ele foi meu filme favorito por tanto tempo... Há, de fato, muitos
motivos para gostarmos de um filme, um livro, uma música... Um deles é a
história em si, outro, a “lição” que ele te passa, em outras tantas situações,
há uma identificação com algum personagem ou com os fatos narrados. Acho que
esses são os principais, sempre.
No caso de Curtindo a
Vida Adoidado, acho que sempre gostei mesmo da “moral da história”. Claro
que não tem nada de bonito em defender que estudantes matem aulas para fazer
loucuras por aí, mas o principal é que a vida passa muito rápido. Se você não
parar para curtir, em algum momento, não vai tê-la visto passar. Não é verdade?
Estava escrevendo esse post há um tempão, ele ficou
arquivado pelas metades e eu acabei escrevendo um outro sobre a correria do
dia-a-dia e os sacrifícios necessários (ou não?) pro nosso futuro.
Mas retomando o fio da meada, da fato, a vida é curta, passa
correndo e não deveríamos desperdiçá-la com banalidades. Acho isso um exemplo,
adoro o filme e espero poder mostra-lo pros meus filhos (e ensinar que matar
aula é feio e errado...) porque acho uma boa moral da história mesmo.
Alguns dias depois, resolvi assistir um outro filme antigo,
que eu também adoro, o “French Kiss” (acho
que em Português foi traduzido para Surpresas
do Coração), com a Meg Ryan e o Kevin Kline. É um romance bobo, água com
açúcar e bem “sessão da tarde” que muita gente vai odiar, com certeza!
Mas eu sempre gostei muito. Antes, eu achava que era por
conta da locação do filme, na França, mostrando não apenas Paris, mas o
interior, um clima bucólico, encontro familiar, vinhedos e a beleza da produção
do vinho....
Dessa vez, percebi que, na verdade, o que me fazia gostar
mesmo do filme era um dos fatores que comentei lá em cima: identificação com o
personagem.
Não tenho medo de avião, nem sou tão romântica e sonhadora
como a personagem da Meg Ryan no filme. Mas gosto muito de duas passagens que
fizeram eu me ver naquele personagem: em uma delas, ela explica que age
conforme suas emoções – se está feliz, sorri, se está triste, faz cara de
triste.... e em outra, ele comenta o “andar de menina” dela.
Bom, não sei se meu andar é de menina, mas tenho a sensação
de que, por mais produzida e com um saltão que eu esteja, não consigo andar
daquele jeito “mulher-adulta-sedutora” nunca na minha vida. E quando me percebo
andando sem muita atenção, sempre acho que ando do mesmo jeito que quando tinha
12 anos, andava de tênis, moletom amarrado na cintura e jogava handebol....
Já a ação conforme a emoção, não sou daquelas pessoas
extremamente emotivas e expressivas. Acho que consigo segurar em muitos
momentos minhas emoções. Mas, até por isso, fui deixando de escondê-las por
achar que isso pode nos fazer meio mal...
E, em geral, não consigo reagir de forma muito diferentes
daquilo que sinto. Acho que não consigo ser hipócrita, fazer cara de quem adora
aquela pessoa que a gente não suporta (e isso sempre, desde criança...), que
achou brilhante uma ideia idiota ou banal e que respeita muito aquele que não
merece meu respeito ou consideração.
E, cada dia mais, vejo que não consigo fechar minha boca e
deixar de dizer aquilo que penso. Ainda que isso me traga problemas.
De fato, cada dia mais me vejo na situação de dar pitaco,
opinião, deixar registrado meu pensamento, nos mais variados momentos. Se isso
é bom ou não, não sei realmente. Eu gosto, acho bom, autêntico, mas sei que
pode me trazer consequências indesejáveis.
Sei que a maturidade nos faz ver as coisas com um pouco mais
de tranquilidade, com o passar do tempo. Não acho que meu jeito de ser implique
imaturidade, necessariamente, mas pode ser que algum dia eu repense essa
maneira de ser.
Por enquanto, eu vou vivendo, tocando, sorrindo quando estou
feliz, fechando a cara quando não estou e dizendo o que penso. Claro que tenho
algum bom senso e tento ser delicada em minhas colocações. Também não pretendo
ofender ninguém com minhas opiniões (embora, às vezes, o faça...). Mas
hipocrisia, deslealdade, falsidade, e coisas afins realmente não são
características que eu pretendo inserir em meu dicionário de viver...
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